O site WikiLeaks começou a publicar nesta
quinta-feira o que afirma ser mais de 100 arquivos
do Departamento de Defesa dos Estados Unidos
detalhando políticas de detenção do Exército no
Iraque e na Baía de Guantánamo, nos anos que se
seguiram aos ataques de 11 de setembro. Em
comunicado, o WikiLeaks criticou regulamentos que
dizem ter levado a abusos e impunidade e pediu que
ativistas de direitos humanos usem os documentos
para investigar o que chamou de "políticas de
irresponsabilidade".
A declaração citou o fundador
do WikiLeaks, Julian Assange: "As 'Políticas para
Detentos' mostram a anatomia da besta que se
tornaram as prisões após o 11 de setembro, a
construção de um espaço escuro, onde a lei e os
direitos não se aplicam, onde as pessoas podem ser
detidas sem deixar rastro, segundo a conveniência do
Departamento de Defesa dos EUA. (...) Isso mostra os
excessos dos primeiros dias de guerra contra um
'inimigo' desconhecido e como essas políticas
amadureceram e evoluíram, e em última análise,
derivaram para o permanente estado de exceção que os
Estados Unidos agora se encontram, uma década
depois."
Em janeiro, a chefe de direitos humanos da ONU,
Navi Pillay, disse que os Estados Unidos ainda
estava desrespeitando a lei internacional em
Guantánamo por realizar prisões arbitrariamente e
indefinidamente. Uma porta-voz da embaixada dos EUA
em Londres disse que não faria comentários de
imediato sobre o tema.
Quase 3 mil pessoas foram mortas, em 2001, quando
militantes da Al-Qaeda, de Osama bin Laden,
sequestraram aviões e os lançaram contra as torres
do World Trade Center em Nova York, o Pentágono e um
campo na Pensilvânia. Em seguida, o então presidente
dos EUA, George W. Bush, criou um campo de detenção
na base naval dos EUA em Guantánamo, em Cuba, depois
que forças lideradas pelos EUA invadiram o
Afeganistão para combater a Al-Qaeda. Dos 779 homens
detidos lá, 167 permaneciam presos em meados de
setembro de 2012.
O WikiLeaks disse que uma série de documentos que
está divulgando tem relação com interrogatórios de
detidos, e que estes mostram que a violência física
direta era proibida. Mas o site acrescentou que os
documentos mostram "uma política formal para
aterrorizar os detidos durante os interrogatórios,
combinada com uma política de destruir gravações de
interrogatórios, que levavam ao abuso e à
impunidade".