Uma das principais estrelas pornográficas da
Grã-Bretanha disse que as webcams e sites gratuitos
na internet estão mudando a forma como a indústria
do entretenimento adulto opera.
Amanda é uma de
milhares de garotas que conversam com clientes pela
internet em troca de dinheiro. O serviço oferecido
online é sua principal fonte de renda. O fato de a
pornografia hoje em dia ser disseminada pela
internet por milhares de sites gratuitos faz com que
a rentabilidade da indústria caia bastante, já que
as pessoas não estariam mais dispostas a pagar por
esse tipo de conteúdo.
Uma das formas para as atrizes pornôs ainda
lucrarem com esse tipo de atividade é montar
serviços de chat com clientes, no qual elas dedicam
tempo exclusivo a quem paga por uma sessão online.
"Eu acho que esse tipo de atividade vai tomar conta
da indústria, para dizer a verdade, essas webcams e
coisas do tipo", diz Amanda.
Os serviços de Amanda são veiculados em anúncios
de sites de pornografia, que ganham parte da renda
da atriz em troca. "Os sites gratuitos afetam muitas
coisas, especialmente as novas garotas que entram na
indústria. Já não existe tanto trabalho. É preciso
construir algum tipo de plataforma para se poder
trabalhar."
Currículo escolar
Outras duas entidades britânicas já se manifestaram
sobre as mudanças recentes da indústria
pornográfica. Uma delas - a Adult Industry Trade
Association (AITA) - representa a indústria
pornográfica britânica. Tom Dennis, da AITA, estima
que, atualmente, 5 mil pessoas trabalham com esse
tipo de pornografia via webcam na Grã-Bretanha, e
esse número não para de crescer. Já as vendas de DVD
despencaram nos últimos anos.
"Existe menos emprego hoje porque as pessoas não
estão apoiando a indústria pornô. Elas preferem
assistir ao pornô de graça, em vez de pagar." Uma
das vantagens das webcams, segundo Dennis, é que o
conteúdo é transmitido ao vivo, e portanto, menos
vulnerável à pirataria.
Outra entidade que também se manifestou sobre o
fenômeno é o órgão regulador de televisão - a
Authority For Television On Demand (Atvod, na sigla
em inglês) - que tem poderes para multar ou até
fechar sites que operam na Grã-Bretanha, caso eles
não tomem medidas para se certificar de que esse
conteúdo ficará restrito ao público adulto.
A Atvod acredita que a disseminação da
pornografia via webcam está dificultando o seu
trabalho de regular o setor. A facilidade do acesso
à pornografia também tem preocupado especialistas
que trabalham com educação. Eles acreditam que as
crianças hoje em dia estão expostas a pornografia
pela internet.
A Associação Nacional de Professores (NAHT, na
sigla em inglês) recomenda que o assunto comece a
ser tratado nas salas de aula na Grã-Bretanha. "As
crianças estão crescendo em um mundo cada vez mais
'sexual'. Isso inclui acesso fácil à pornografia, e
elas precisam aprender a lidar com isso", diz Sion
Humphreys, que é conselheiro da associação de
professores. "Nós somos a favor de que as crianças
recebam aulas, quando tiverem a idade adequada,
sobre o impacto da pornografia como parte do
currículo oficial."
Uma pesquisa realizada no ano passado por uma
clínica privada em parceria com o programa Newsbeat,
da BBC, revelou que os próprios jovens que
assistem a muita pornografia online estão
preocupados com o uso excessivo de sites gratuitos.
Segundo a pesquisa, feita com 1.057 jovens entre
18 e 24 anos, um em cada quatro disse acreditar que
pornografia online em excesso estava tendo um
impacto em aspectos de sua vida, como profissional,
relacionamentos e vida sexual.