Os publicitários Luiz Evandro e Giancarlo Barone
enfrentaram um desafio gigantesco: eles tinham que
mostrar um bairro dentro de um parque. O problema é
que tudo ainda está no papel; ou melhor, na
imaginação e em plantas digitais, dentro de
computadores. E a pergunta era óbvia: como
transformar isso em algo interessante e, ao mesmo
tempo, informativo? A resposta, no entanto, é
complicada, e precisou da ajuda da tecnologia.
Munidos de computadores super podereosos, em apenas
três meses, eles conseguiram criar uma demonstração
impressionante.
"Foi bastante corrido. Várias noites viradas",
conta Barone, diretor de estratégia do projeto.
Para deixar a experiência mais interessante, o
chão treme em certos momentos, ventiladores dão a
sensação de vento e o som digital em cinco canais
impressiona. Entretanto, mais do que apenas isso, a
dupla buscou uma solução que fizesse com que o
visitante pudesse realmente mergulhar naquele
cenário virtual; como se realmente fizesse parte da
história. E isso não foi fácil.
"A maneira fácil seria fazer acima da cabeça das
pessoas, porque você usaria menos projetores. Você
cruzaria os projetores das extremidades e com apenas
seis você conseguiria. Mas como queríamos que as
pessoas se sentissem no parque, que ela olhasse para
baixo e visse o chão do empreendimento, então em vez
de seis projetores foram 28", conta Luiz Evandro,
diretor de cena do projeto.
O resultado da projeção combinada desses 28
projetores vai muito além do “Full HD” e até mesmo
das atuais telas de cinema 4K.
"A resolução da imagem é de 8K. Cada um dos
projetores é HD, então sua junção daria uma imagem
muito maior do que essa, mas o arquivo tem 4096 x
4096 pixels. É um arquivo quadrado, mas a imagem é
um círculo com a qual a gente cobre a cúpula
inteira. A parte de cima do vídeo é o que está na
frente e é isso que te orienta", explica Barone.
Agora, imagine o tamanho do arquivo de vídeo para
se obter uma projeção desta qualidade em uma cúpula
de 16 metros de altura por 8 de largura...
Quem está acostumado a editar vídeos, mesmo que
caseiros, sabe que o mais legal é poder assistir sua
montagem logo em seguida. Mas neste caso isso era
totalmente impossível; a imagem era tão grande que
eles não tinham um computador potente o suficiente
para “dar play” na animação.
"Cada segundo de um filme tem 30 'frames', e cada
'frame' desses, que é uma foto, levava seis horas
para ser rendido. Então, fazendo um cálculo, o
número de horas que a gente levou para render este
vídeo de cinco minutos, com apenas uma máquina,
seriam necessários dois anos esperando para poder
dar um 'play', explica Barone.
Ou seja, o resultado final foi uma surpresa
também para os responsáveis pelo projeto. E para
criar o arquivo final da animação, eles precisaram
contratar os serviços de oito das dez maiores
fazendas de computadores para renderização
disponíveis no mundo.
Dentro da cúpula, seis workstations –
computadores super potentes – são responsáveis por
controlar a sincronização dos projetores desse vídeo
8K, que está dividido em 28 pedaços.
"A gente tem uma imagem e 28 saídas,
representadas por cada um dos projetores. Eu preciso
cortar esta imagem e cortar em 28 pedaços e
especificar para o computador para onde vai cada um
destes pedaços. Aí o software faz a junção de tudo
isso, que é o 'blending', com o qual ele sobrepõe um
pouco cada uma das imagens, faz uma fusão para
diminuir um pouco a intensidade da luz e fazer
parecer que é uma imagem só", diz Giancarlo Barone.
Os comentários mais comuns que ouvimos dos
responsáveis pelo projeto é que “quanto mais
entretenimento, mais fácil vender”. Por outro lado,
é uma ferramenta ótima para o consumidor; a
experiência de poder visitar um lugar que só
existirá daqui a 10, 20 anos, talvez seja a melhor
forma de apresentar uma construção.
Barone explica os motivos pelo qual esta solução
foi utilizada. "Os recursos que a gente tem são a
maquete e o decorado. Não há outra forma de mostrar
como vai ser um bairro, praticamente, senão com uma
imersão dessas. Então, a pessoa vem aqui e tem a
sensação de que ela andou e viveu a experiência de
estar neste lugar que ficará pronto dentro de quinze
anos.
"A quantidade consultas que a gente tem recebido,
de outras empresas desta área imobiliária é imensa,
porque a necessidade de colocar a pessoa neste
universo é comum. O mercado sabe que quanto mais a
pessoa se sentir dentro do que ela está comprando,
mais vontade ela vai ter de assinar o cheque",
explica Luiz Evandro.
Este é mais um exemplo da tecnologia que
transforma a maneira como as coisas são feitas. E
funciona para os dois lados: vendedor e comprador.
Outra área que vem abusando dessa “presença virtual”
é a arquitetura. Logo acima deste texto, você
encontra o link para descobrir como o 3D está
revolucionando a elaboração de projetos
Olhar Digital