Por pelo menos duas vezes, o governo brasileiro reconheceu que os Estados
Unidos espionam os serviços de comunicações do país, segundo reportagem da
Folha de S.Paulo. Uma na gestão Fernando Henrique Cardoso, outra na de Luiz
Inácio Lula da Silva.
A primeira delas ocorreu em 2001, quando o então ministro do GSI (Gabinete de
Segurança Institucional) da Presidência, general Alberto Cardoso, disse em
depoimento à Câmara dos Deputados que os EUA desenvolveram um projeto de
bisbilhotagem.
O país se unira a Reino Unido, Irlanda, Austrália, Canadá e Alemanha para criar
o Echelon, que podia interceptar e-mails, voz e fac-símile, segundo um relatório
do Parlamento Europeu divulgado naquele ano. O general, entretanto, disse que
França, Itália e Rússia também tinham como espionar.
Já em 2008, o engenheiro eletrônico Otávio Carlos Cunha da Silva, diretor do
Cepesc (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para Segurança das Informações) da
Abin (Agência Brasileira de Inteligência), confirmou a existência do Echelon e
mais: "Há o Echelon americano, o Echelon europeu", disse.
Segundo ele, toda comunicação "que está no ar" pode ser interceptada pelo
projeto, que seria controlado pela NSA (Agência de Segurança Nacional) dos EUA,
a mesma que, segundo o ex-agente Edward Snowden,
tem vigiado o mundo todo por meio da internet.
Foram feitos vários relatos sobre a atuação do Echelon desde a década de 1970,
mas há indícios de que ele foi criado em 1948, com a assinatura de um acordo de
cooperação de inteligência entre Reino Unido, EUA, Austrália, Canadá e Nova
Zelândia.
Olhar Digital