O centro reunirá pesquisadores da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto Mauá de Tecnologia e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
O projeto pretende criar conceitualmente um motor a etanol que apresente melhor desempenho do que os desenvolvidos nas últimas décadas no Brasil.
O centro terá apoio por quatro anos renováveis por mais seis anos - e tem como objetivo desenvolver motores de combustão interna, adaptados ou desenvolvidos especificamente para biocombustíveis, e sobre a sustentabilidade dos biocombustíveis.
Motores flex
O grupo irá trabalhar com novas configurações de motores movidos a diferentes biocombustíveis, veículos híbridos, redução de consumo e de emissões de gases, além de estudar os impactos e a viabilidade econômica e ambiental dos biocombustíveis.
"Pretendemos projetar conceitualmente, nos próximos quatro anos, um motor dedicado exclusivamente ao etanol, que apresente maior potência e seja mais eficiente do que o motor flex existente atualmente", disse Waldyr Luiz Ribeiro Gallo, coordenador do projeto.
De acordo com Gallo, uma das limitações do motor flex é ter que funcionar bem tanto com etanol como com gasolina.
Os combustíveis apresentam diferenças significativas em relação, por exemplo, à resistência à detonação (capacidade de ser comprimido sob altas temperaturas na câmara de combustão).
Por causa disso, o motor flex não pode ser otimizado para rodar com etanol porque diminuiria seu desempenho e eficiência ao ser movido a gasolina e vice-versa.
Segundo Gallo, apesar de já ter melhorado muito nos últimos anos em razão dos avanços na eletrônica, o motor flex existente hoje ainda não é otimizado para o etanol.
"Ele não é ótimo nem para a gasolina nem para o etanol. Tecnicamente, é uma solução de compromisso", disse, referindo-se a um motor desenvolvido como alternativa para possibilitar ao consumidor a escolha entre as duas opções de combustível.
Motor a álcool de nova geração
Para desenvolver um novo motor a álcool, os pesquisadores vão avaliar avanços tecnológicos recentes na área de motores, que possibilitariam ao novo motor apresentar um desempenho melhor do que aqueles utilizados no início da década de 1980.
"Os motores daquela época tinham carburador e necessitavam de calibração especial para reduzir a emissão de poluentes", disse Gallo. "Hoje, não possuem mais carburador, têm catalisador e utilizam recursos de eletrônica para controle de parâmetros de operação que avançaram muito desde que os últimos motores a álcool foram lançados no mercado brasileiro."
Algumas das novas tecnologias que devem ser analisadas no projeto conceitual de um novo motor avançado a etanol são o comando de válvula variável (que permite a variação no tempo e no curso das válvulas do motor) e a injeção direta de etanol dentro da câmara de combustão, em vez da injeção do combustível no coletor.
A técnica é considerada uma das mais promissoras para melhorar a eficiência dos motores movidos a álcool. "Um dos objetivos do projeto será avançar no conhecimento dos mecanismos de injeção e de combustão de etanol, sobre os quais ainda não há muitos estudos", disse Gallo.
Inovação Tecnológica