Em teoria, um microscópio é um equipamento tão delicado que, a princípio, parece impossível fabricar um deles apenas recortando uma folha de papelão.
E, ainda por cima, a um custo final de R$1,20.
Mas foi exatamente isso que fez o bioengenheiro indiano Manu Prakash, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
E a invenção pode salvar vidas em países em desenvolvimento, onde faltam equipamentos para diagnosticar (e tratar) doenças corretamente.
As peças do Foldscope - algo como "dobraduroscópio" - são impressas em papelão. Depois, são destacadas e montadas seguindo um sistema de dobraduras e encaixes, lembrando um origami.
O Foldscope - que tem o formato de uma tira - ainda tem peças como lentes, uma pequena lâmpada de LED e uma bateria semelhante à que é usada em relógios.
O microscópio é montado em poucos minutos, e seu custo total é de US$ 0,50 (R$ 1,20).
A bateria do Foldscope funciona por até 50 horas, e o equipamento permite ampliar uma imagem em até 2 mil vezes.
Microscópio para detectar doenças
Prakash e sua equipe criaram 12 modelos diferentes de microscópios, cada um feito para diagnosticar uma doença específica.
Por ser impresso, ele pode ser fabricado em larga escala. Além disso, o microscópio de papel é muito resistente: "Você pode molhá-lo, pisar e pular nele e jogá-lo da altura de um prédio de três andares", diz Prakash.
A ideia surgiu a partir das viagens do cientista e seus alunos a países em desenvolvimento, onde eles ficaram impressionados com a falta de infraestrutura para identificar doenças como a malária.
"No Quênia, não há remédios suficientes contra malária, mas ainda assim eles são distribuídos mesmo que a doença não tenha sido diagnosticada", afirma Prakash.
Além do desperdício, o uso indiscriminado dos medicamentos faz com que os parasitas que causam a doença fiquem imunes aos tratamentos disponíveis. Daí a importância dos microscópios, que permitem identificar a presença do mal nos pacientes.
Em novembro, a Fundação Bill & Melinda Gates premiou Prakash com US$ 100 mil (cerca de R$ 235 mil) para que ele teste o Foldscope na Índia, na Tailândia e em Uganda.
O cientista agora selecionará 10 mil voluntários, entre médicos, alunos de medicina, estudantes de nível primário e secundário e pesquisadores, para testar seu invento.
Inovação Tecnológica