Pedalando
na Internet
laos
jhaiEm Ban Phon Kham, uma pequena aldeia do Laos, no Sudeste
Asiático, não se navega pela Internet, se pedala. Em Ban
Phon Kham não há eletricidade e conseqüentemente, meios de
comunicação modernos como televisão, telefone, etc. Mas
faz alguns dias, seus habitantes passaram a poder acessar a
Internet como qualquer morador de uma grande metrópole,
apenas com uma pequena com diferença: pedalando uma
bicicleta estacionária, que gera a energia necessária aos
seus computadores - a cada minuto pedalado, gera-se energia
para cinco minutos de funcionamento do sistema, energia essa
armazenada em baterias convencionais de automóvel.
Seus
computadores também são um pouco diferentes, projetados
para funcionar bem em ambientes extremamente úmidos e
quentes. Essas máquinas são os "Jhai PCs",
concebidos por um grupo de técnicos originários de diversos
países, orientados por Lee Felsenstein, um dos pais do
laptop; os Jhai são baseados em componentes convencionais,
alterados de forma a suportarem condições ambientais
adversas e consumirem pouca energia.
Os Jhai
se ligam à Internet através da tecnologia Wi-Fi (wireless
fidelity), utilizando microondas e pequenas antenas parabólicas
para receber e enviar sinais à rede pública de comunicações.
O
projeto foi conduzido pela Fundação Jhai, fundada por um
veterano da guerra do Vietnã. Essa entidade desenvolve ações
buscando minorar os efeitos dessa guerra - Ban Phon Kham
situa-se numa região onde se pratica apenas agricultura de
subsistência, e a Fundação acha que o acesso à Internet
é uma das ferramentas que poderão auxiliar o
desenvolvimento da zona. A Fundação está introduzindo técnicas
modernas de cultivo do arroz e entende que uma das aplicações
do sistema seria na coleta de informações de forma a
permitir melhores condições de comercialização do
produto.
O
projeto compreende não apenas o desenvolvimento do hardware,
mas também a tradução do software (Linux) para o laociano
e o treinamento de crianças da aldeia, que são os primeiros
usuários e atuarão como multiplicadores, treinando os
demais habitantes.
Os
idealizadores do projeto que apesar de criticados por pessoas
que não o julgavam prioritário, pretendem continuar
trabalhando nele, de forma a que possa ser aplicado em outras
áreas de características semelhantes: já se discute sua
extensão a países como Turquia, Irã, Cambodja e
Bangladesh.
Como
temos dito, essa e outras soluções que ajudam a transposição
do "fosso digital" e a diminuir a distância entre
os países ricos e os miseráveis, são sempre bem-vindas.
|