O desafio da depressão

Falta de diagnóstico e tratamento errado levam número cada vez maior de pessoas a sofrer com a doença

Guerras, epidemias, desemprego, drogas, divórcios. Não é à toa que o mundo entrou no século XXI com um número cada vez maior de deprimidos. O problema é tão grave que, segundo a Organização Mundial de Saúde, a depressão será a segunda maior causa de incapacitação ao trabalho no ano de 2020. Recentemente, descobriu-se que 45% dos infartados já vivenciaram um episódio depressivo. A depressão deixa de ser apenas conseqüência e vira fator de risco de outras doenças.Também começa a atingir pessoas em plena juventude. A média etária de sua primeira manifestação baixou de 40 para 26 anos. Crianças e adolescentes hoje integram o rol dos consumidores de antidepressivos. Há dois meses, o FDA liberou o uso do Prozac para crianças a partir de 7 anos. Classicamente chamada de 'doença da alma', a depressão ganhou um caráter químico quando se descobriu sua ligação com a falta de duas substâncias no cérebro: a serotonina e a noradrenalina. Mesmo assim, poucos procuram ajuda. O mais grave é que, quando vencem o preconceito e vão ao médico, nem sempre recebem o tratamento correto. Segundo o Departamento de Saúde dos Estados Unidos, apenas um terço dos americanos com depressão é diagnosticado, toma o medicamento certo, na dosagem correta, pelo tempo necessário. Para reverter esse quadro, o órgão recomendou que, a partir deste ano, os médicos façam um exame detalhado se o paciente apresentar sintomas suspeitos da doença, como falta de auto-estima e desânimo.

'No Brasil, muita gente nem procura um médico porque não acredita que esteja doente', afirma Helena Calil, professora de psicofarmacologia da Universidade Federal de São Paulo. 'Como não há psiquiatras para tanta gente, a maioria acaba batendo na porta do ginecologista ou de um clínico que, em geral, não têm informação para detectar um quadro de depressão.' O grande passo para combater a doença é amplificar o conhecimento entre a própria classe médica. A desinformação é tamanha que a maioria interpreta mal os sintomas. Um endocrinologista, por exemplo, pode achar que a paciente precisa fazer uma dieta porque anda comendo demais ou de menos - sinais típicos da depressão. 'Muitos passam meses fazendo um verdadeiro escrutínio do paciente até levantar a hipótese de uma depressão', dispara Joel Rennó Júnior, coordenador do Projeto de Atenção à Saúde Mental da Mulher do Hospital das Clínicas de São Paulo.

A boa notícia é que, descoberta e tratada adequadamente, a depressão tem cura. Há cinco anos, a apresentadora de TV Sabrina Parlatore achou que tinha enlouquecido. Mesmo estando no auge da carreira, sentia-se triste sem saber o porquê. 'Achava que ia morrer e não dormia com medo de não acordar. Sentia um vazio tremendo', lembra. Nas férias, a mãe não agüentou ver a filha chorando prostrada na cama e levou-a a uma psiquiatra. 'Ela diagnosticou depressão só pela falta de brilho em meus olhos', conta Sabrina, que passou a tomar remédios e a fazer terapia. Curada, freqüenta uma psicóloga. 'Tenho medo de a depressão voltar. Mas me sinto tão bem que duvido que isso aconteça', diz ela, que, aos 28 anos, arranjou namorado, aprendeu a tocar violão e, como adora cantar, anda arriscando até alguns showzinhos.

TRISTE OU DEPRIMIDO

Você está apenas triste quando

Chora assistindo a Central do Brasil
Dorme mais que o habitual
Não tem disposição para noitadas
Assiste a um episódio de Friends para se animar
Come sozinho uma caixa de chocolate
Faz sexo sem se preocupar em ter prazer

E está deprimido quando

Chora sem motivo horas a fio e não se sente melhor depois
Tem dificuldade para dormir, mas é capaz de passar dias prostrado na cama
A vida parece sem motivo ou objetivo
Não consegue tomar pequenas decisões
Não tem vontade de ver pessoas
Foge de qualquer contato sexual



AIDA VEIGA COM EDUARDO BURCKHARDT, DO RECIFE

 

 

Arquivo de Notícias>> clic

mais noticias... clic

 


e-mail

Copyright© 1996/2003 Netmarket  Internet -  Todos os direitos reservados
Melhor visualizada em 800x600 4.0 IE ou superior

Home