Sinal de alerta máximo
Após 13 anos de espera,
Brasil divulga a relação de
animais ameaçados de extinção
O Ministério do Meio Ambiente
e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama)
divulgaram na quinta-feira 22 a nova relação de espécies da fauna brasileira
ameaçadas de extinção. A elaboração da lista vermelha reuniu 200
especialistas da Fundação Biodiversitas, da Sociedade Brasileira de Zoologia,
das ONGs Conservation International e Terra Brasilis e de várias universidades
nacionais, que elegeram as 395 espécies em perigo. Entre elas estão animais símbolo,
como o mico-leão-dourado e o muriqui, que some na mesma proporção em que é
destruída a Mata Atlântica, seu hábitat natural. A lista anterior, divulgada
há 13 anos, continha 219 animais ameaçados de extinção.
A destruição da natureza, a
captura e a caça ilegais são fatores importantes para justificar esse acréscimo.
Uma nova metodologia de pesquisa também colabora para a inclusão de 79 espécies,
algumas antes inéditas, e a saída de outras 67 (leia quadro). “Não dá para
comemorar, mas é um sinal de que os trabalhos de conservação podem dar bons
resultados”, diz Luis Paulo Pinto, da Conservation International.
O Ministério do Meio Ambiente
anunciou a liberação de R$ 6 milhões para a preservação dos animais da
lista. A nova relação usa os mesmos critérios da União Mundial para a
Natureza (IUCN), considerada uma referência internacional. Um dos novos métodos
é o agrupamento de espécies em categorias: os animais extintos, os extintos na
natureza (que só existem em cativeiro), os criticamente em perigo, aqueles em
perigo, os vulneráveis e os animais quase ameaçados.
Pela primeira vez, os
cientistas incluíram peixes e invertebrados aquáticos na lista vermelha, mas o
Ministério decidiu adiar a divulgação desses grupos para agosto. A inclusão
de espécies como o guaiamu está em estudo. O caranguejo, uma iguaria consumida
no Norte e Nordeste do País, constava da lista, mas alguns especialistas
asseguram que ele permanece abundante. “Se for comprovado que o guaiamu está
mesmo ameaçado, quem o capturar poderá ser punido”, diz João Paulo
Capobianco, secretário de Biodiversidade e Floresta do Ministério. Péssima
notícia para os gourmands.
Cláudia Pinho
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