Programa
lê textos em português sem voz de robô
A união entre a lingüística e a
engenharia elétrica proporcionou a criação de um programa de
computador capaz de falar em português claro, sem o sotaque característico
dos softwares atuais. Desenvolvido na Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas), o programa foi batizado de Aiuruetê ("papagaio
verdadeiro", em tupi).
O projeto começou em 1991, como um
estudo de descrição fonético-acústica da língua portuguesa feito
pelo Laboratório de Fonética e Psicolingüística (Lafape). No
entanto, um ano depois, passou a contar com o apoio do Laboratório de
Processamento Digital da Fala (LPDF), da Faculdade de Engenharia Elétrica.
Os pesquisadores do LPDF já trabalhavam com um conversor texto-fala,
mas seu desempenho era limitado por falta de conhecimentos lingüísticos.
A união com o projeto do Lafape permitiu a introdução de regras de
transcrição ortográfico-fonética e de pronúncia das palavras no
software.
Um dos maiores diferenciais do programa
em relação aos sistemas estrangeiros é o Ortofon (conversor ortográfico-fônico),
segundo a coordenadora do Lafape, Eleonora Cavalcante Albano. Ele
permite que o programa respeite as nuanças da pronúncia da língua
portuguesa, aproximando-se de uma fala natural. O software também
consegue resolver outras situações complexas, como palavras de grafia
idêntica e pronúncia diferente, siglas, abreviaturas e expressões numéricas.
O Aiuretê funciona de modo
diferente dos softwares tradicionais, onde as sentenças são
organizadas e reproduzidas a partir de um banco de dados limitado
formado por palavras. Nele, a formação de palavras se dá pela união
trechos sonoros com dois ou mais fonemas, como sílabas desconectadas,
simulando a fala humana.
O sistema foi financiado pela Fapesp
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e funciona em
qualquer computador equipado com o sistema operacional Windows.
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