Antidepressivo
ajuda na regeneração cerebral
Antidepressivos podem estimular o crescimento de novas células cerebrais,
mostrou um estudo divulgado hoje, nos Estados Unidos, que pode abrir
caminho para o surgimento de novas drogas contra a depressão. Pesquisa
feita em ratos mostrou que dois tipos de antidepressivos podem ajudar as células
cerebrais a se regenerar - e justamente em áreas que normalmente não
eram associadas à depressão. "Essa é uma nova e importante visão
sobre como funcionam os antidepressivos", disse Thomas Insel, diretor
do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA, em um comunicado.
O resultado é coerente
com outros estudos que indicam que a depressão pode encolher o hipocampo,
uma região do cérebro essencial para a memória e o aprendizado, mas que
só recentemente teve descoberto seu papel na depressão. Estresses e
traumas - fatores que desencadeiam esse quadro - também provocam tal
encolhimento.
"Ficamos sabendo que
os antidepressivos influenciam o nascimento de neurônios no hipocampo.
Agora parece que esse efeito pode ser importante para o tratamento clínico",
afirmou Insel. Segundo Rene Hen, da Universidade Columbia, que comandou o
estudo, novos antidepressivos podem ser desenvolvidos de modo a combater
diretamente esse processo.
"A prova em humanos
virá quando ampliarmos o estudo para descobrir drogas que estimulem a
neurogênese. Se essas drogas tiverem efeitos antidepressivos em humanos,
será a prova de que o processo é crítico neles", afirmou Hen em
entrevista por telefone. "Já há um movimento na indústria farmacêutica
para descobrir tais compostos".
O novo estudo também
pode ajudar a explicar porque os antidepressivos podem levar várias
semanas para apresentar efeitos. "Se os antidepressivos funcionam
estimulando a produção de novos neurônios, há uma demora", disse
Hen, explicando que as células-tronco que dão origem às novas células
precisam de tempo para se dividir sucessivamente e se diferenciar até
criar novos neurônios, que então são levados para seu lugar correto e
se associam às demais células cerebrais.
Para garantir que as
novas células cerebrais são o que garante o fim da depressão, Hen e
seus colegas da Universidade Yale e da França trabalharam com ratos
geneticamente modificados, usando raios-X para matar as novas células que
se desenvolviam no hipocampo.
Esses ratos não reagiram
normalmente aos antidepressivos. Por exemplo, os animais que tomaram
fluoxetina (Prozac) e tiveram as células destruídas não voltaram a
demonstrar sinais de vaidade, como era esperado. Já os ratos que não
foram submetidos a raios-X tiveram um crescimento significativo de novas células
depois de um tratamento de 11 a 28 dias com a fluoxetina.
Outro tipo de
antidepressivo, a imipramina tricíclica, também estimulou o crescimento
de neurônios, disse a equipe de Hen na edição de sexta-feira da revista
Science. "Além de encontrar drogas que tenham esse processo como
alvo, o outro desafio básico da pesquisa para mim é descobrir qual é a
função desses neurônios," disse Hen. Especialistas dizem que 16%
dos norte-americanos - mais de 30 milhões de pessoas - vão sofrer de
depressão grave em algum momento de suas vidas.
Reuters
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