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Alemanha
vai reabilitar jovens viciados em Web
A Alemanha tem um centro de reabilitação para adolescentes viciados em
computadores e Internet, inaugurado recentemente, para promover uma
"desintoxicação" através da vida ao ar livre de uma dieta
mais saudável.
"Aqui os jovens recebem atenção
psicológica e tratamentos contra o excesso de peso, já que, com as horas
passadas diante dos computadores, geralmente têm uma vida sedentária e
se alimentam muito mal", explica Ute Garnew, diretor do inovador
instituto, patrocinado pela Igreja Evangélica alemã e situado no balneário
de Boltenhagen, às margens do Mar Báltico (norte da Alemanha).
Uma equipe de 20 psicológos, terapeutas
e nutricionistas participa nos projetos sócio-pedagógicos, que visam
estimular a criatividade dos jovens e ensinar-lhes alternativas para seu
tempo livre. Para evitar uma eventual crise de abstinência, os meninos
podem mexer no computador no máximo meia hora por dia.
Muitos deles passavam mais de seis horas
diárias diante das telas de seu computador ou videogame, mas agora, no
centro, aprendem a protagonizar outro tipo de vivência. "Por
exemplo, participam em projetos para criar obras teatrais, do roteiro até
a encenação", afirma Garnew. Também são incentivados a passar
mais horas ao ar livre, praticar esports e ter maior contato com a
natureza.
"Era divertido mexer no
computador", relatou Moritz Moeller, de 13 anos, um dos 60
adolescentes que passam pelo tratamento de quatro semanas no instituto.
"Estava chateado, meus amigos não tinham tempo para mim e acho que,
por isso, virei um viciado em computador", acrescentou o menino.
O instituto de Bolterhagen pretende
mostrar a esses jovens que ler ou fazer exercícios também pode ser
divertido. Apesar desse tipo de dependência ainda não estar oficialmente
reconhecido como um transtorno clínico, para muitos pais isso representa
um sério problema. "Muitos não têm noção desse problema e não
sabem o que fazer para ajudar seus filhos", afirma Simone Trautsch,
psicóloga do centro.
Os terapeutas consideram que a atividade
física deve ser combinada com uma dieta saudável, rica em proteínas e
baixa em calorias. Um dos pacientes, Benjamin Saenger, de 13 anos, pesava
123 kg quando se internou. "Antes achava que devia ser terrível
estar em um lugar onde não houvesse computador ou televisão, só
esportes", afirmou Saenger. "Agora acho que a vida é muito mais
do que sentar na frente de um computador o dia todo. O exercício e a
dieta são muito importantes", acrescentou.
Ser dependente do computador e dos
videogames, assim como do sexo na Internet, faz parte de uma série de
"novas patologias narcisistas que se expandem cada vez mais e que
criam um desafio em termos de tratamento", explicou à AFP o
psicanalista e médico psiquiatra peruano Alberto Péndola Febres,
fundador do Centro de Psicoterapia Psicanalítica de Lima.
AFP
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