Baixinhos têm menos vantagens nos Estados Unidos

Nem todas as pessoas de baixa estatura recebem o salário correspondente às horas de trabalho, respeito, liderança e êxito, segundo um estudo da Universidade da Flórida (EUA).

"A altura importa quando se trata destas coisas", disse o professor Timothy Judge, da Universidade da Flórida, com sede em Gainsville, no norte do Estado.

De acordo com o estudo realizado por Judge e pelo professor Daniel Cable, da Universidade da Carolina do Norte, existe, por exemplo, uma relação direta entre altura e salário.

Uma pessoa de 1,80 metro de altura pode ganhar anualmente 5.525 dólares mais que uma de 1,60 metro, indicou a análise dos acadêmicos que será publicada na próxima edição do Journal of Applied Psychology. "Nossas descobertas são inquietantes na medida que, com exceção do basquete, ninguém pode argumentar que a altura é um requisito fundamental para conseguir um trabalho", assinalou Judge.

De um ponto de vista subjetivo, acrescentou, a altura é associada a um valor positivo por muitos avaliadores e supervisores, e afeta, objetivamente, a eficácia em profissões como as de vendedor. "Muitos vendedores altos são percebidos com admiração por seus clientes e, portanto, podem ser vistos como líderes mais persuasivos por seu chefes", acrescentou o acadêmico.

Estas percepções sobre a altura podem ter além disso "o efeito de aumentar a auto-estima de uma pessoa ajudando-a a aumentar seu êxito e ser percebida como de maior status e respeito", indicou.

Além disso, o estudo concluiu que esta relação desvantajosa para as pessoas de baixa estatura, é especialmente negativa em campos como vendas e gerência, embora também tenha um papel em outros ofícios como engenharia e programação de computação.

Segundo os quatro estudos em que a análise se baseou, cada 2,5 centímetros de diferença significam que a pessoa mais alta ganhará anualmente entre 728 e 897 dólares a mais que a de menor estatura.

Aparentemente a altura também foi um fator quando se trata da Presidência dos Estados Unidos. Há mais de um século que os americanos não elegem um presidente de menor estatura que a média dos cidadãos do país: 1,62 metro para as mulheres e 1,74 metro para os homens.

Desde 1896, quando foi eleito William McKinley, que media 1,69 metro e foi ridicularizado pela imprensa da época como "o menino pequeno". Nenhum presidente americano mediu menos de 1,74 metro.

Para o professor Judge, esta aparente discriminação por causa da altura não só preocupa uma sociedade como a americana, que luta para ser justa, mas também a coloca em uma desvantagem econômica. "Se existem preconceitos nos EUA contra as pessoas de baixa estatura e esse preconceito não existe em outros países, não estamos de fato em uma posição de vantagem competitiva", disse.

"Se estamos dando importância a um atributo como a estatura, que de fato não tem relevância na hora da eficiência trabalhista, então estamos cometendo erros quando decidimos empregar ou dar uma ascensão à uma pessoa e, portanto, estamos tornando menos eficiente nossa economia", acrescentou.

Para os pesquisadores, esta "inquietante" valorização da estatura nos EUA pode vir da origem do ser humano quando a altura era sinônimo de poder e fortaleza. "Quando o homem vivia entre os animais, a altura era sinal de poder. Quando vivia em selvas e planícies os membros de um grupo associavam qualidades de líder aos mais altos já que (ver mais longe) supunham que os protegeriam melhor", disse Judge.

Diversos antropólogos concordam com Judge e inclusive assinalam que um dos fatores que tornou o homem um ser humano, além da linguagem, foi o andar ereto e desta maneira "crescer e se elevar" sobre outros espécies de hominídeos. Apesar de todas estas desvantagens, o professor Judge afirmou que a situação não é desesperançosa para "os baixinhos" já que "o trabalho árduo e a inteligência são indubitavelmente (nos EUA) mais importantes que a altura".

 

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