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Ser esperto pode nem sempre ser
vantajoso
A inteligência não
é necessariamente uma vantagem na corrida evolucionária,
de acordo com um novo estudo feito por pesquisadores suíços
e divulgado pela revista "New Scientist". Essa
sempre foi uma desconfiança dos cientistas, uma vez que
se a esperteza fosse sempre algo positivo, ela seria
naturalmente selecionada em todas as gerações. No
entanto, entre pessoas e animais existem tantos tolos
quanto gênios. Para os biólogos evolucionistas, esse
fato significa, na teoria, que deve existir algum lado
ruim em ser inteligente. E pela primeira vez,
pesquisadores da Universidade de Friburgo mostraram que,
pelo menos nas moscas de fruta, nem sempre compensa ser o
mais esperto.
Os cientistas,
liderados pelo biólogo suíço Frederic Merlin, criaram
gerações de moscas de frutas, selecionando sempre as que
aprendiam mais rápido. Primeiro, eles coletaram moscas e
permitiram que elas colocassem seus ovos em gels com sabor
de laranja ou de abacaxi. Um dos gels continha também um
pouco de quinina (remédio contra a malária de sabor
amargo). Em uma segunda oportunidade, quando foram
oferecidos sucos de laranja e abacaxi, algumas moscas se
lembraram do gosto ruim que tinha um deles e puseram seus
ovos no outro.
Os ovos das moscas
que fizeram a escolha correta foram criados, se tornando a
segunda geração de moscas, que passou pela mesma experiência.
A mesma coisa aconteceu com os ovos colocados por elas e
assim por diante. Depois da vigésima geração, grande
parte das moscas da linhagem selecionada aprendiam na
primeira vez. Elas não somente eram melhores em evitar o
sabor alterado que as moscas normais - que demoravam de três
a cinco sessões para aprender -, como também demoravam
mais tempo para esquecer a sabotagem. "Isso mostra
que nós selecionamos um gene que melhora tanto a memória
quanto a velocidade de aprendizagem, ou dois genes que são
muito próximos", afirma Mercy.
No entanto, poucas
larvas das moscas mais espertas sobreviveram quando foram
postas para competir com larvas comuns por comida.
"Elas demoram mais para se alimentar", diz Mery.
Os cientistas acreditam que essas moscas tem que investir
mais energia em fazer ou reorganizar as conexões entre
seus neurônios, deixando-as com menos energia para
procurar comida quando as calorias são limitadas.
Mery alerta que
essa pesquisa mede apenas a habilidade das moscas de fruta
de aprenderam uma tarefa específica, apesar de o grupo já
estar testando se essas moscas mais espertas também são
melhores para aprender outras coisas. No entanto, a
descoberta deve abrir um debate evolucionário. Os
pesquisadores acreditam que pode ser possível procurar
pelos problemas causados pela inteligência mesmo nos
primatas.
A equipe agora está
colaborando com geneticistas para tentar descobrir que
mudanças genéticas fizeram suas moscas serem tão
espertas.
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