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Doença da geladeira" transforma
eletrodoméstico em alvo científico
Paris (AFP) – A generalização do uso de geladeiras contribuiu para o
aumento dos casos de uma doença intestinal, "a doença da geladeira"
(conhecida como doença de Crohn), afirmam cientistas franceses na revista médica
britânica The Lancet. Segundo a equipe francesa, a chegada da geladeira pode
ter sido um fator ambiental que favoreceu a doença entre as pessoas
geneticamente predispostas. O vínculo entre a geladeira e a doença é que as
bactérias capazes de se desenvolver em baixas temperaturas são encontradas nas
lesões intestinais dos pacientes.
Segundo a hipótese levantada por Jean Hugot, do Hospital Robert Debré de
Paris, a doença é o resultado de uma excessiva reação imunológica à infecção
causada por bactérias capazes de se desenvolver a temperaturas entre um e dez
graus negativos. A doença de Crohn, registrada pela primeira vez em 1913, é
freqüente na Europa e na América do Norte e sua incidência aumentou na
segunda metade do século XX.
Trata-se de uma inflamação crônica do tubo digestivo de causa indeterminada.
Os sintomas são dores abdominais, diarréia, perda de peso, fadiga e febre, mas
pode chegar a causar problemas articulares.
O primeiro frigorífico doméstico surgiu nos EUA em 1918. Em 1937, quarenta e
nove por cento dos norte-americanos tinham geladeira em casa. A geladeira doméstica
começou a se popularizar depois da Segunda Guerra Mundial. Mas, mesmo em 1958,
enquanto a metade das famílias suecas tinha geladeira, apenas 12% das britânicas
tinham o equipamento em casa. Os cientistas destacam que a doença começou a
aumentar nos anos 40 nos Estados Unidos, nos anos 50 na Suécia, nos anos 60 na
Grã-Bretanha e mais tarde no sul da Europa.
Estes exemplos mostram as coincidências geográficas e temporais do aumento da
doença. A hipótese ainda deve ser confirmada, admitem os cientistas, que reforçam
paralelamente que a refrigeração dos alimentos trouxe mais benefícios que
problemas.
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