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O provedor caipira que nasceu na sala de chat
Na vida real, as iniciativas nem passam perto de um business
plan – nascem por desejo e interesse das pessoas, como o caso do provedor
criado no interior na base da vaquinha entre os amigos.
Paulo Garcia
Entre 1998 e 2002 tive uma missão ao mesmo tempo dura e prazerosa: montar uma
rede de acesso para um grande provedor de acesso. Dura, pela complexidade da
missão. Achar provedores pequenos, locais, que tivessem interesse em participar
de uma rede nacional, tendo, inclusive, que abrir mão de algumas coisas.
Como a liberdade de escolha do rumo de seu próprio negócio. Como alguns me
diziam, voltar a ter chefe. Prazerosa pela realização. Conhecer o Brasil no
que ele tem de mais importante: a gente.
Fazendo uma analogia com a história do pior cego, costumo dizer que o pior
"caipira" é aquele que não conhece um caipira de verdade! E eu era
um desses "caipiras". Estava acostumado com a vida, e os negócios,
nos grandes centros. Tudo estudado, planejado, números aferidos, fontes
reconhecidas, business plans, investidores e, só depois disso tudo, a realização
do projeto.
O famoso Start Up. Acho que se encontrei nesses quatro anos um único provedor
que tenha nascido com um business plan é muito. Ou mentira. Nas negociações
sempre ficava muito claro o caráter pessoal da empresa. Como aquele amigo nosso
que não consegue vender o carro antes de se despedir dele, dar a última
voltinha... E nesse ponto, sempre ouvia a história de como a empresa nasceu.
Lembro de um que nasceu de uma maneira que tinha quase tudo a ver com internet.
Quase!
Era um provedor com quatro sócios. Um deles me contou como nasceu a idéia:
"A gente se reunia todo dia, numa sala de bate-papo para discutir
teconologia. Todo tipo de tecnologia, desde calculadoras até motores para naves
espaciais. Um dia, falando de internet, a gente se deu conta que todo mundo
tinha que fazer interurbano para usar a internet. Resolvemos fazer uma
'vaquinha' e montar o provedor. De nós quatro, passamos a oito, dezesseis e
assim foi. Estava montado o provedor!"
Como bom negociador, apesar de achar a história um tanto quanto banal,
demonstrei o interesse e perguntei que sala de bate papo era essa e qual era o
endereço. Ele olhou em volta, os sócios deram aquela risada do "enganamos
mais um" e ele me respondeu:
- Era essa mesmo, só o sofá que era maior. [Webinsider]
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