Transistor emissor de luz pode revolucionar a eletrônica

Da Universidade de Illinois


Coloque o inventor do diodo emissor de luz e o responsável pelo transistor mais rápido do mundo no mesmo laboratório de pesquisa e que idéias brilhantes será possível obter? Uma resposta é um transistor emissor de luz que poderia revolucionar a indústria da eletrônica.

Os professores Nick Holonyak Jr. e Milton Feng, da Universidade do Illinois em Urbana-Champaign, descobriram um transistor emissor de luz que poderia fazer do transistor o elemento fundamental da optoeletrônica, como já o é na eletrônica convencional. Os cientistas anunciaram sua descoberta na edição de 5 de janeiro da revista "Applied Physics Letters".

"Demonstramos emissões de luz da camada de base de um transistor bipolar de heterojunção, e demonstramos que a intensidade da luz pode ser controlada por meio de variações da corrente básica", disse Holonyak, professor de Engenharia Elétrica e da Computação, e professor de Física na Universidade do Illinois. Holonyak inventou o primeiro diodo emissor de luz de uso prático, e o primeiro laser semicondutor que opera no espectro visível.

"O trabalho está em estágio inicial, de modo que ainda não se pode dizer que aplicações a invenção poderia ter", disse Holonyak. "Mas um transistor emissor de luz abre um rico domínio de circuitos integrados e processamento de sinais de alta velocidade que envolve tanto sinais elétricos quanto sinais ópticos".

Um transistor normalmente tem duas portas, uma de entrada e uma de saída. "Nosso novo aparelho tem três portas -uma de entrada, uma de saída elétrica e uma de saída óptica", explica Feng, professor de Engenharia Elétrica e da Computação na Universidade do Illinois. "Isso significa que podemos interconectar sinais elétricos e ópticos para fins de exibição ou comunicação". Feng é o criador do maior transistor bipolar do mundo, um aparelho que opera na freqüência de 509 gigahertz.

Walid Hafez, aluno de pós-graduação, montou o transistor emissor de luz no Laboratório de Micro e Nanotecnologia da universidade. Ao contrário dos transistores tradicionais, feitos de silício e germânio, os transistores emissores de luz são feitos de fosfito de índio-gálio e arsenieto de gálio.

"Em um aparelho bipolar, há duas espécies de meio de carga injetados -elétrons com carga negativa e buracos com carga positiva", disse Holonyak. "Alguns desses meios de carga se recombinam rapidamente, sob o impulso de uma corrente básica essencial às funções normais de um transistor".

O processo de recombinação no fosfito de índio-gálio e no arsenieto de gálio também cria fótons infravermelhos, a "luz" nos transistores emissores de luz criados pelos pesquisadores. "No passado, essa corrente básica era encarada como elementos desperdiçado, e criadora de calor indesejado", afirma Holonyak. "Nós demonstramos que, para determinada categoria de transistor, a corrente básica cria luz que pode ser modulada à velocidade do transistor".

Ainda que o processo de recombinação seja igual ao que acontece nos diodos emissores de luz, os fótons dos transistores emissores de luz em geral são gerados em condições de velocidade muito mais alta. Até agora, os pesquisadores demonstraram a modulação das emissões de luz funcionando em fase com uma corrente básica em transistores operando em freqüência de um megahertz. Velocidades muito mais altas são vistas como certas.

"Em velocidades assim, as interconexões ópticas poderiam substituir o cabeamento elétrico entre os componentes eletrônicos em uma placa de circuito", disse Feng. O trabalho pode marcar o início de uma era em que fótons são direcionados em torno de um chip, da mesma maneira que os elétrons são manobrados em um chip convencional.

"Em retrospecto, pode-se dizer que as bases para esse projeto foram estabelecidas mais de 56 anos atrás, com John Bardeen e Walter Brattain, que criaram o primeiro transistor de germânio", disse Holonyak, que foi o primeiro aluno de pós-graduação orientado por Bardeen. "Mas a recombinação direta envolvendo um fóton é fraca, nos materiais derivados do germânio, e John e Walter simplesmente não conseguiriam ver a luz -mesmo que estivessem procurando por ela. Se John ainda fosse vivo e pudesse ver o novo aparelho, daria um imenso sorriso".

Tradução: Paulo Migliacci


 

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