Bahia amplia infovia para o interior

Cristina Borges Guimarães

Depois de quase vinte anos de expansão desordenada das redes de telecomunicações locais da Bahia, o governo estadual desenvolveu um projeto para ampliar a capilaridade e acabar com a redundância dessa infra-estrutura, que vinha sendo criada com base em necessidades setoriais e sem padronização. A Rede Governo da Bahia encerrou o ano de 2003 interligando a metade dos municípios baianos em uma única rede de telecomunicações que atende também as 23 secretarias de estado.

Em 2001, a Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia (Prodeb) começou a planejar a construção da rede de telecomunicações normalizada com cobertura de todo o estado e capacidade para suportar a demanda de transmissão de dados da Administração Pública Estadual. O objetivo foi otimizar a integração das informações dos serviços públicos e acabar com similaridades e redundâncias nas redes. Antes da implantação da Rede Governo, apenas 15% dos municípios baianos eram atendidos pelas redes locais. A expectativa, agora, é de que, até 2006, todos os 417 municípios do Estado da Bahia tenham a infra-estrutura instalada.

"O desenvolvimento de um projeto único promoveu escala e permitiu que a rede fosse implantada até em municípios pequenos e distantes que isoladamente teriam custo que tornaria inviável a implantação da rede", afirma o presidente em exercício da Prodeb, João Barroso Bastos Filho. De acordo com ele, a Rede Governo reduz em 40% os custos de comunicação de dados e telefonia do estado. Em 2001 eram gastos R$ 1 milhão por mês. Hoje o custo caiu para R$ 600 mil. "O governo baiano não precisou investir em equipamentos para a construção da rede. Foi feita a contratação de serviços de empresas especializadas, fazendo com que o investimento fosse realizado pelas integradoras e operadoras", afirma o executivo João Barroso.

Outro ganho foi em velocidade. A maior banda de transmissão de dados existente em 2001 possuía 64 Kb, a mesma capacidade atual da menor banda. A velocidade máxima atual chega a 2 Mb. Para conexão à internet a banda de 2 Mb de 2001 foi ampliada para velocidades entre 34 Mb e 155 Mb. Com isso será possível melhorar a qualidade dos serviços prestados, que exigirão cada vez menos a presença física das pessoas. A partir dessa infra-estrutura será possível, por exemplo, integrar as bases de dados dos mais de três mil órgãos públicos estaduais.

"Esta é uma importante ferramenta de interiorização do estado", afirma João Barroso. Dentro do conceito de governo eletrônico são desenvolvidas diversas ações de inclusão social. A partir da rede instalada já foi possível implantar um programa de Ensino à Distância para capacitação de professores no interior do estado.

A Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (Embasa) passou a trafegar voz e dados na mesma rede, obtendo grande economia em telecomunicações. Outras iniciativas como a da Embasa já estão surgindo.

Para a unificação da infra-estrutura de telecomunicações do estado, a Prodeb abriu concorrência pública para contratação das empresas que seriam responsáveis pela operacionalização da Rede Governo. "O contrato de cinco anos foi fechado com o consórcio liderado pela Telemar, para fornecimento dos links de comunicação. A Siemens Enterprise, divisão de telecomunicações para empresas da Siemens, presta serviços de consultoria, definição de tecnologia a ser utilizada, implementação e coordenação do projeto", afirma o gerente da divisão de telecomunicações para empresas da regional de Salvador da Siemens, Tomiyuki Ota. Após a inclusão de todos os municípios, o projeto terá continuidade com serviços de manutenção, também prestados pela Siemens, e com o gerenciamento, que fica sob responsabilidade da própria Prodeb.

De acordo com Ota, o SLA (do inglês Service Level Agreement ou Acordo de Nível de Serviço) é de 99,99%. "A Rede da Bahia tem altíssima disponibilidade, sem necessidade de investimentos diretos do governo, que só precisa administrar e exigir a qualidade do serviço prestado", afirma Ota. A formação de uma rede única tem ainda outras vantagens, como a convergência. "Agora será possível, por exemplo, substituir os CPDs de cada órgão público por uma operação com um único Data Center. Isso seria mais um ponto de economia em que o governo trocaria investimentos diretos por contratação de serviços", diz Ota.

Os investimentos em segurança também foram aproveitados ao máximo, já que não eles não são feitos mais de forma descentralizada na entrada de internet de cada órgão público, mas por intermédio da entrada única existente atualmente.

 Investnews - Gazeta Mercantil

 

 

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