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Amazon deixa vazar críticas
fraudadas de livros
SÃO PAULO - Uma falha de
segurança na Amazon.com canadense revelou uma informação valiosa: que os próprios
autores dos livros se passam por leitores, às vezes, para postar no site
comentários positivos e elogios às suas obras.
A Amazon.com não publica o
nome verdadeiro das pessoas que comentam livros em seus sites - geralmente, o
leitor é identificado como um consumidor de determinado local que,
teoricamente, teria lido a obra comentada. Deve ser assim boa parte do tempo.
Mas a falha mostrou que editores, escritores, familiares e amigos acabam dando
um "jeitinho" para tornar o livro mais atraente. Só que, antes do
acidente de segurança na Amazon, isto era feito anonimamente.
Segundo o jornal canadense Toronto
Star, o escritor americano John Rechy se desdobrou em elogios ao seu último
livro, The Life and Adventures of Lyle Clemens. Ele assinou a crítica
positiva como "um consumidor de São Francisco". Outro comentário,
feito supostamente por um leitor de Nova York, deu cinco estrelas à obra - e,
para todos os efeitos, foi o próprio Rechy mais uma vez.
Ao jornal New York Times,
o escritor justificou seus atos dizendo ser "um absurdo" que outras
pessoas pudessem ir lá e falar mal de suas obras sem serem identificadas
Outro escritor exposto como
autocrítico pela falha de segurança foi David Eggers, autor de Uma
Comovente Obra de Espantoso Talento. Depois de descoberta a fraude, Eggers
postou um novo comentário na Amazon.com onde fala que sempre elogiou as obras
de seus colegas, mas que agora tinha decidido elogiar a si próprio. "Não
há vergonha nenhuma nisso. Eu sei que meu livro é incrível, uma obra prima
(...) que ultrapassará o teste do tempo porque, afinal de contas, fui eu quem
o escreveu", diz Eggers no irônico texto.
Patricia Smith, relações públicas
da Amazon.com, disse ao jornal que as críticas fraudadas serão tiradas do
ar. Mas a executiva não respondeu se o site tem como identificar se os comentários
publicados em suas páginas são legítimos ou não. "Obviamente nós
usamos alguns filtros, mas são dezenas de milhares de comentários postados
todas as semanas e eu não gostaria de entrar neste mérito", declarou.
Renata Mesquita, do Plantão
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