Autodidata
cria robô-macaco pioneiro
Em um dia de sorte, Lucy
pode distinguir uma banana de uma maçã. E essa é uma habilidade muito
útil se você é um orangotango. Mesmo um robô-orangotango. Pode não
parecer muito esperto para um humano, mas representa um trabalho pioneiro
no campo da inteligência artificial.
E todo o trabalho se
resume a um autodidata que não tem nem curso superior, mas que há anos
se dedica sozinho a pesquisas na garagem de sua casa. Steve Grand, um
pesquisador honorário da Escola de Psicologia da Universidade de Cardiff,
no País de Gales, conquistou uma reputação dentro do universo da
inteligência artificial.
Trata-se de um ramo da ciência
que, para muitos, significa o temor de robôs superespertos, como
Frankenstein ou C3PO, tomando o lugar de pessoas de carne e osso. O
cientista autodidata criou um dos mais avançados cérebros-robôs do
mundo.
Seu "bebê",
Lucy, pode não ser grande coisa de se ver, mas talvez represente o melhor
exemplo já visto do quanto podemos fazer computadores pensarem por si próprios,
uma das mais avançadas formas de inteligência artificial existentes.
Segundo Grand, isso não está muito longe de acontecer.
Em uma palestra na
Universidade de Cardiff, o cientista de 46 anos explicou que Lucy tem
cinco computadores domésticos trabalhando para ajudá-la a tomar decisões.
Mas a criatura ainda tem dificuldades em ver coisas que as pessoas, ou
qualquer ser com um cérebro de mamífero, enxerga com clareza. Como a
diferença entre uma banana e uma maçã.
"Acho que estou começando
a desvendar os elementos que formam o mistério da inteligência
artificial", disse Grand. "Por exemplo, os cérebros servem para
predizer as coisas. Isso é muito importante se trata-se de um animal de rápida
movimentação. Mas o modo como a mente faz isso, desde os ratos até os
elefantes, ainda é algo que frustra a ciência".
Sorte e dinheiro
No "único olho que funciona" do robô, Grand colocou uma câmera
digital que permite ao cérebro do robô interpretar imagens da forma mais
parecida possível com a mente humana. Depois de anos de tentativas e
erros, Lucy agora pode distinguir um objeto comprido e amarelo de outro
redondo e vermelho. Em um dia de sorte.
Os dias de azar ocorrem,
em geral, por falta de verbas para mais equipamentos e experiências.
Grand até conseguiu uma bolsa de um ano para o projeto, mas recusou
porque prefere trabalhar por conta própria e não estar ligado a uma
instituição.
Mas apesar de seu estilo
arredio, sua estrela está brilhando. Grand agora trabalha na criação de
Lucy 2, "irmã" da original. Talvez consiga até transformar sua
pesquisa em um negócio de família, já que seu filho está fazendo
doutorado na Universidade de Cardiff.
BBC Brasil
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