O perfil do jornalista mudou, mas não a essência

Jornalistas que começam agora nem percebem que os mais antigos viveram uma realidade completamente diferente. A divisão do trabalho era outra e a relação com a tecnologia muito menor.

Antônio Marcos da Costa

O avanço tecnológico ocorrido principalmente a partir das décadas de 80 e 90 modificou, profundamente, o perfil dos profissionais que trabalham com informação, como jornalistas, relações públicas, publicitários, bibliotecários, administradores de empresa, cientistas da computação e designers.

Se, por um lado, o advento da internet comercial, a partir de 1995, abriu um novo campo de trabalho para os jornalistas, por outro, exige o crescente domínio de novas habilidades e competências tecnológicas e a atualização constante desses conhecimentos.

Há duas décadas o computador era visto como uma ferramenta capaz de agilizar processos, armazenar dados e informações e realizar cálculos matemáticos e estatísticos rapidamente. Hoje, além de tudo isso, ele tornou-se uma central de informações em rede, cujas páginas de web, acessadas por seu intermédio, envolvem, em seu desenvolvimento e manutenção, profissionais oriundos das áreas de tecnologia, comunicação, marketing e administração. Imaginem uma redação de jornal online dos dias de hoje e comparem-na com uma redação de jornal impresso das décadas de 60 e 70.

A preocupação principal do repórter daquela época baseava-se na apuração da notícia e na sua diagramação na página. Hoje, o repórter não só apura a notícia como, na maioria das vezes, ele mesmo a publica na internet, com o auxílio de softwares editores de conteúdo. Além disso, ele precisa interagir com os designers e programadores, quando surge a necessidade de criar algum sistema para a página. Mudaram bastante a apuração e a pesquisa, que agora é feita pela própria rede, além dos contatos para entrevistas, que na maioria das vezes é feito por e-mail, além do velho e bom telefone.

Assim, não somente no jornalismo, mas em todas as outras áreas já citadas aqui e em muitas outras, a relação profissional-tecnologia é um binômio inevitável. O profissional da informação de hoje precisa, mais do que nunca, se adaptar a essa nova realidade e conviver com o avanço tecnológico. Uma boa saída para isso são os cursos de pós-graduação, como mestrados lato e strictu sensu. Especialistas em carreira aconselham, no entanto, que o profissional escolha uma área diversa daquela na qual se formou, para se especializar e, assim, diversificar suas habilidades e competências.

Uma das palavras mágicas do mercado, atualmente, é a polivalência ou versatilidade. Isso não significa que devemos “atirar para todos os lados”, ou sair do nosso viés principal que é o jornalismo, mas sim precisamos ser capazes de lidar com diferentes situações profissionais, de entender um pouco de cada área afim e, principalmente, de ter capacidade de adaptação às mudanças. Uma nova tecnologia que chega, uma nova gerência que assume, duas empresas que se fundem etc.

Mas evolução profissional à parte, não devemos nos esquecer de que a origem da nossa profissão é a palavra, é o texto. Utilizamos ferramentas tecnológicas que são fantásticas, que operam maravilhas em nossas páginas impressas e eletrônicas. Mas não nos esqueçamos de que essas ferramentas são apenas instrumentos meio, que nos ajudam a atingir o objetivo maior, que é transmitir a informação de forma clara, objetiva e, sobretudo, com credibilidade e qualidade. [Webinsider]


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