Novos formatos de música criam sopa de letrinhas

Na era dos downloads, os fãs de música têm mais a considerar, na hora de comprar uma música, do que apenas o nome do artista. Eles precisam também se familiarizar com um novo dialeto de palavras estranhas, uma sopa alfabética de nomes de tecnologias de compressão e codificadores para conseguirem tocar as músicas que baixam da Internet.

Uma guerra de formatos de arquivos musicais se desencadeou entre os fornecedores de músicas online, com software concorrentes para compressão que evitam pirataria, determinando quais músicas podem tocar em que aparelhos. A última a entrar na rixa foi a Sony. Na segunda-feira, a gigante japonesa se preparava para lançar sua loja online de músicas, a Connect, na França, Alemanha e Reino Unido.

Com uma tecnologia proprietária chamada ATRAC, a empresa começou a vender downloads de músicas que podem ser reproduzidas apenas nos aparelhos de marca Sony. "Esses formatos diferentes de músicas são uma tranca. As lojas online adotam software proprietários para poder vender seu hardware", diz Rist Brouwer, diretor executivo da DMDSecure, uma empresa holandesa especializada em códigos de compressão e proteção.

A Sony afirma que com o ATRAC um usuário pode armazenar mais canções em um computador pessoal ou no seu aparelho de música digital e, ao mesmo tempo, manter a melhor qualidade de som. O aparelho também consome menos energia, permitindo maior horas de uso com a mesma bateria do que os concorrentes, afirma a Sony. "A ATRAC é, certamente, parte de nossa mensagem de marketing", afirmou Robert Ashcroft, gerente de aplicações de rede e serviços de conteúdo da Sony. "Quando você tem a melhor tecnologia, você quer exibi-la."

A Apple fez declarações parecidas quando lançou a iTunes Music Store no ano passado, afirmando que usaria o formato de compressão AAC e software Apple FairPlay para proteger as músicas contra pirataria. As músicas nesse formato só tocam nos iPods, aparelhos da Apple. O MSN Music Club, da Microsoft, vende canções codificadas no formato Windows Media Audio, disponível em uma grande variedade de aparelhos. A empresa também garante que seu codificador é o melhor.

Os especialistas da indústria fazem algumas restrições às declarações das empresas, observando que a constante evolução da tecnologia obscurece as distinções sobre qual é a melhor entre elas. "Todos os formatos diferentes oferecem a mesma qualidade de som e o mesmo tamanho de arquivo", afirmou David Mallinson, um consultor de software da RealNetworks . A Real é uma das primeiras companhias de digitalização e compressão de mídia.

As músicas vendidas em lojas online normalmente são comprimidas a um fator acima de 10 para facilitar o download, mas todas as empresas afirmam que seus métodos de compressão geram arquivos com alta fidelidade de som ao ouvido humano.

Mas usar siglas para vender música pode ser arriscado, principalmente quando se está tentando vender música para pessoas que estão acostumadas com a versatilidade do CD. "A disseminação de diferentes formatos de compressão e de sistemas antipirataria dificilmente é compreendida pelos consumidores", disse Giovanni Ziccardi, professor de Informática Legal da Escola de Direito da Universidade de Milão, na Itália.
 
Reuters

 

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