"Questões de verdade
ou falsidade pertencem ao racional e são irrelevantes para o valor do
imaginario... Insistir que os contactos Lua/Saturno são depressivos ou que
Marte/Plutão é explosivo é matar a imaginação e roubar os seus poderes
terapeuticos... A astrologia vista como uma disciplina da
imaginação convenientemente evita todas as questões sobre se é
verdadeira ou não. "
--Brad
Kochunas
"A Astrologia é
parte do nosso passado, mas os astrólogos não deram nenhuma razão
plausivel porque deve ter um papel no nosso futuro."
--I.
W. Kelly
A astroterapia usa a astrologia como um guia
para a transformação da personalidade, para a auto-actualização e a
auto-transcendencia. A astrologia é estudada pelos seus poderes de cura e
crescimento psicológicos. Em resumo, a astroterapia usa a astrologia como uma
espécie de teste de personalidade projectivo, util para descobrir os poderes
criativos de uma pessoa, lidar com a mente
subconsciente e descobrir verdades ocultas, crenças, e mesmo, talvez, a sincronicidade
cósmica!
Dane Rudhyar é visto como o pai da
astroterapia. Nos anos trinta aplicou os conceitos psicológicos Jungianos à
astrologia. Gostou da noção de Jung de que a psique procura o conjunto
psiquico ou "individualização," um processo que Rudyhar acreditava
ser evidente no horóscopo.
O trabalho de Rudyhar foi continuado nos dias
de hoje por Glen Perry, que apresenta um Ph.D. em psicologia clinica do Instituto
Saybrook de São Francisco, uma escola "dedicada a desenvolver a
expressão integral do espirito humano e os valores humanistas na
sociedade." Em astroterapia, diz o Dr. Perry, "a astrologia é usada
para a empatia com o mundo interno do cliente e os seus sintomas, e promover o
crescimento positivo da personalidade." Para ele a astrologia é ao mesmo
tempo uma teoria de personalidade e uma ferramenta de diagnóstico, mas não
fornece nenhum argumento ou prova para apoio dessa noção. Eis um exemplo de
como a astroterapia usa a astrologia:
...Saturno opõe-se a Vénus no seu mapa
mas não indica apenas infelicidade ao amor," mas o potencial para amar
profundamente, duradouramente e responsavelmente bem como a patiencia e a
determinação para vencer obstáculos. Enquanto realização deste potencial
pode requerer trabalho duro e sofrimento, mas predizer isto sem compreender os
potenciais ganhos envolvidos é curto e prejudicial.
Como Perry sabe isto não é explicitado.
Outras afirmações, igualmente profundas, não exigem argumentos ou provas
porque são vazias: "o horoscopo simboliza o tipo de adulto em que o
individuo se pode tornar." Outras afirmações são quase ininteligiveis:
"O que o individuo experimenta como uma situação problematica pode estar
no gráfico como um aspecto da sua psique. Deste modo, o horoscopo indica que
funções foram negadas e projectadas, e através de que circunstancias (casas)
podem melhor ser encontradas." "o objectivo é ajudar o cliente a
realizar os potenciais que são simbolizados pelo horoscopo." Que análise
e instrumentos ele usa para chegar a estas noções não são mencionados, muito
menos como se pode verificar os simbolismos especificos de um dado horoscopo.
Parece, contudo, apoiar-se fortemente em conceitos psicológicos questionáveis
promovidos por Jung e Freud.
Outro astropsicologo, Brad
Kochunas, torna claro que uma das principais virtudes de aplicar a
astrologia à vida interior do que a padrões externos de comportamento, é que
tira a astrologia do dominio do cientifico, em que nao tem prestado boas provas
quando examinada. Kochunas chama a esta preocupação com o psiquico "a
perspectiva imaginal" e afirma que "não está preocupado com a sua
verdade ou não, mas antes com a sua utilidade para a tarefa em mãos.
Questões de verdade ou mentira pertencem ao campo do
racional e são irrelevantes para o valor do imaginal. É a validade funcional e
não a validade factual que é primária para a perspectiva imaginal. Algo
funciona para alguem? É util, no sentido de dar profundidade, sentido, valor ou
propósito a um individuo ou a uma comunidade? Se sim, tem poder." Aqui
cita Barbara Sproul em Primal Myths (San Francisco: Harper & Row,
1979). Pelo menos Kochunas, ao contrário de Perry, coloca a astroterapia na
mitologia e proclama estar fora do campo da ciência. A sua mensagem parece ser
muito simples: se encontra clientes satisfeitos, tem um mito válido.
Max
Heindel, por outro lado, estende a astroterapia a todas as formas de cura e
chama-lhe uma ciência, declarando que tem duas leis básicas: "a Lei da
Compatabilidade" [sic] e "a lei da Receptibilidade Sistemática."
Uma citação do trabalho de Heindel demonstra ao astuto leitor porque não me
preocupo a rever estas "leis."
No momento da concepção a Lua estava no
angulo que ascende ao parto (ou o seu oposto); o corpo vital foi então
colocado no ventre da mãe como uma matriz na qual os elementos quimicos
formando o nosso denso corpo se organizaram. O corpo vital emite um zumbido
semelhante ao de um enxame. Durante a vida essas etéreas ondas sonoras atraem
e dispoem os elementos quimicos da nossa comida de modo a organizarem os
nossos orgãos e tecidos. Enquanto as etéreas ondas sonoras no nosso corpo
vital estão em harmonia com o nosso arquetipo, os elementos quimicos
alimentam o nosso corpo e distribuem-se e são ordeiramente assimilados, e a
saúde prevalece, independentemente do que passamos, da nossa constituição,
ou do ambiente que nos cerca. Mas no momento em que as ondas sonoras do nosso
corpo vital variam da nota chave do arquetipo, esta dissonancia coloca os
elementos quimicos da nossa comida de um modo incongruente com as linhas de
força do arquetipo...
A regra geral é: Desde a Lua Nova à Lua
Cheia, os estimulantes produzem os maiores efeitos e os sedativos os mais
fracos. Diminua os estimulantes e aumente os sedativos. A excepção é:
Quando a Lua crescente se aproxima da conjunção com Saturno aumente a dose
de estimulantes e diminua a de sedativos.
Não nos dizem de que antigo espirito isto
foi canalizado e deixam-nos a tentar adivinhar a origem destes pensamentos.
Procuramos em vão nos escritos de Heindel algo semelhante a ciência. Mas
encontramos a crença na música
das esferas.
O que pensar desta nova astrologia que parece
colocar-se fora de alcance dos testes empiricos e fora da preocupação com a
verdade ou mentira? Isto é visto como progresso pelos astropsicologos, mas para
aqueles de nós que preferem as ideias assentes em chão firme, a astroterapia não
passa de mais uma na longa linha de terapias "loucas".