Maioria
dos crimes eletrônicos são elucidados
Identificar
os "crackers" ¿ hackers que invadem sites
ou sistemas on-lne para roubar informações e
senhas bancárias ¿ e spammers exige uma investigação
especializada. Segundo a 4ª Delegacia de Meios
Eletrônicos do Deic, na capital paulista, 90% dos
crimes eletrônicos são elucidados, mesmo que sejam
muito bem executados num universo virtual e de infrações,
com reflexos em qualquer parte do planeta.
De
acordo com o delegado titular Francisco Bondioli, os
inquéritos instaurados na 4ª divisão vão desde
atentados contra a honra até crimes de ação
incondicionada ¿ que dispensam a necessidade de
queixa da vítima, como pedofilia, crimes hediondos
e tráfico de drogas. "Para que as investigações
tenham sucesso é preciso que a vítima não apague
o e-mail, pois todas as informações básicas
necessárias para iniciar a busca estão no
computador e não no papel impresso", diz.
Patrícia
Peck, advogada especialista em Direito Digital, e
consultora associada a Menezes e Lopes Advogados,
comenta que erroneamente, por virmos de uma cultura
do papel, muitas vezes imprimimos o e-mail para
guardar e jogamos fora a mensagem original.
"Muitos dos e-mails são falsos na origem, ou
seja, há uso de softwares que manipulam o remetente
e o destinatário com técnicas fraudulentas e
ilegais".
Segundo
a escrivã Lídia Wailemann, cada máquina tem uma
identificação dos IPs (Internet Protocol)
utilizados no envio das mensagens. "Essa
informação se extrai do cabeçalho, e é por meio
dela que se localiza a máquina em que foi cometida
a infração." A polícia soluciona os casos
conciliando tecnologia com metodologia tradicional
de investigação, que possibilita ligar a máquina
aos infratores, mesmo quando os e-mails são
redirecionados e ¿orientados¿ para atacar de
outros países.
Na
semana passada, a polícia desmantelou uma quadrilha
de hackers que aplicava um golpe nos clientes do
Banco do Brasil. Estima-se que R$ 70 mil eram
desviados semanalmente das contas bancárias de
clientes que respondiam a e-mails falsos do BB.
Foram três meses de investigação e mais de 500
pessoas envolvidas na fraude.
Segundo
Patrícia, pode-se verificar onde está hospedado o
site, ou qual é o provedor de envio da mensagem e
entrar em contato com ele para identificar o usuário
que enviou o e-mail. Nessa situação, a identificação
do remetente é realizada junto ao provedor
hospedeiro. "Essa informação é prestada via
notificação formal, ou com ofício da delegacia.
Para isso é preciso ingressar com uma ação
cautelar para que o provedor forneça os dados
cadastrais e os logs de acesso utilizados pelo usuário
que armazenou o arquivo." Uma vez identificado
o responsável, e mensurados os prejuízos causados,
uma série de ações pode ser intentada, tanto no
âmbito civil como penal.
Investnews
- Gazeta Mercantil
|