TV
digital chega ao Brasil até o final do ano
André Bernardo
Hoje em dia, se um usuário de tevê a cabo quiser adquirir um determinado
produto pelo "pay-per-view", precisa consultar a revista de
programação e telefonar para a operadora. Num futuro não muito
distante, ele vai poder consultar o guia de programação na tela da tevê
e comprar o programa que quiser através do controle remoto.
Esses e outros benefícios,
não disponíveis pelo sistema de transmissão analógica, vão fazer
parte da vida dos quase 2 milhões de usuários de tevê a cabo no Brasil
até o final do ano. As vantagens do serviço digital da Net e da TVA são
basicamente as mesmas: alta definição de imagem, som digital no padrão
"Dolby" e aumento no número de canais. "A digitalização
é menos para aumentar a base de assinantes e mais para incrementar a
fidelização dos já existentes", frisa Francisco Valim,
presidente da Net, líder nacional no segmento.
Para incrementar o
processo de fidelização dos cerca de 1,4 milhão de assinantes, a Net
planeja investir R$ 100 milhões nos próximos três anos. Neste período,
a operadora espera atrair 100 mil assinantes, entre clientes novos e os
que devem migrar do sistema analógico para o digital.
O custo da mensalidade da
Net Digital deve sair em torno de 10% do valor atual. Já a TVA estima
aumentar em 20% a sua base de assinantes, que hoje é de 300 mil.
"Atualmente, a TVA analógica apresenta 58 opções de canais. Com o
advento da versão digital, esse número deve subir para 78", calcula
Amilton de Lucca, diretor de novos negócios da TVA. Entre os 20
novos canais da TVA Digital, 10 pertencem ao grupo HBO, como a rede
Bloomberg, o TCM Classic Hollywood e o Discovery Health.
Os interessados em migrar
de sistema vão ter de adquirir um aparelho de decodificação, batizado
de "set-top box". Para viabilizar a aquisição ou migração
para a modalidade digital, a TVA vai subsidiar parte do custo do aparelho,
orçado em R$ 300.
Mas, dependendo do pacote
do assinante e do tempo de relacionamento com a operadora, o "set-top
box" poderá ser adquirido por até R$ 199. Já a Net pretende alugar
o aparelho por R$ 20 mensais. "Qualquer problema técnico, a Net
efetua a troca do decodificador em um prazo máximo de 24 horas",
assegura André Guerreiro, diretor de produtos da Net.
Além dos benefícios
oferecidos, a TVA vai comercializar também um decodificador "premium"
com o serviço DVR, Digital Video Recorder, que vai permitir ao usuário
assistir ao que bem quiser, na hora em que bem entender. O recurso DVR,
porém, não será subsidiado pela TVA e deve sair em torno de R$ 800.
"O efeito permite ao
usuário, por exemplo, interromper um jogo de futebol para atender ao
telefone. Depois, ele pode retomar do trecho em que parou ou voltar ao
momento presente. Afinal, ninguém vai querer que o vizinho grite 'gol'
antes dele, não é mesmo?", brinca Amilton.
As duas operadoras
prometem investir pesado também em estratégias de marketing. Além das
chamadas feitas nos canais, Net e TVA vão investir R$ 4,5 milhões e R$ 3
milhões, respectivamente, em campanhas publicitárias. A previsão de lançamento
da Net Digital é dezembro deste ano, primeiro para os assinantes do Rio e
de São Paulo e, a partir de 2005, para usuários de outras praças. Já a
versão digital da TVA chega ao mercado no mês de outubro, com 25 novas
opções de pacote, que variam de R$ 56,90 a R$ 119,90.
Tanto a Net quanto a TVA
desenvolveram os sistemas com base no padrão europeu de tevê digital, o
DVB, ou Digital Video Broadcasting. O padrão para a tevê digital aberta
no Brasil, porém, ainda não foi definido. As tecnologias americana ATSC,
européia DVB e japonesa ISDB disputam o privilégio de se instalar num
mercado com cerca de 170 milhões de habitantes e aparelhos de tevê em
90% das residências.
"O que queremos do
padrão a ser adotado pelo governo brasileiro é que ele atenda a duas
questões fundamentais: mobilidade e alta definição. Se for assim, o
padrão pode ser qualquer um, inclusive o brasileiro", observa Fernando
Bittencourt, diretor da Central Globo de Engenharia.
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