Coréia do Norte estaria armando guerra cibernética

A Coréia do Norte tem 600 hackers treinados para lançar ataques cibernéticos em grande escala contra seus inimigos da Coréia do Sul, Japão e Estados Unidos. A informação foi revelada hoje pelo Ministério da Defesa da Coréia do Sul.

Em um relatório, que causou grande preocupação em Seul e lembrou as páginas mais ousadas do escritor de ficção Tom Clancy, o ministério da Defesa da Coréia do Sul alertou que a capacidade da Coréia do Norte para iniciar uma "guerra informática" é semelhante à de países mais avançados.

Segundo o documento, entregue ao comitê da Defesa do parlamento sul-coreano, os especialistas do regime comunista já estão trabalhando para piratear as informações militares do Japão, Coréia do Sul e EUA, com o objetivo de propagar o caos no comando militar e nas comunicações destes países inimigos de Pyongyang.

O relatório afirma que a Coréia do Norte começou a preparar estes técnicos especializados em 1986, submetendo-os a uma cuidadosa seleção para determinar quem podia ser hacker de elite, capaz de se infiltrar nos sistemas de defesa dos Estados inimigos. Além disso, o ministério da Defesa sul-coreano suspeita que o exército da Coréia do Norte começou a preparar em 2001, em uma segunda fase desse plano, um ataque cibernético em massa lançado a partir da China, com o objetivo de gerar confusão sobre a origem da ofensiva.

Em julho, os serviços secretos sul-coreanos advertiram que alguns sistemas de informática mais frágeis da Coréia do Sul tinham sido alvo de um ciberataque em massa. Esse terrorismo virtual, como passou a ser chamado, representa "uma séria ameaça" à segurança nacional, afirmou a agência sul-coreana Yonhap citando fontes oficiais.

Embora o Serviço Nacional de Inteligência da Coréia do Sul tenha indicado que esse ataque de hackers foi lançado a partir da China, não foi determinado se os autores tinham sido cidadãos chineses ou estrangeiros residentes nesse país. Os hackers conseguiram burlar a proteção de 211 computadores em dez instituições governamentais na Coréia do Sul, algumas delas relacionadas à segurança e defesa nacional. Outros computadores escolhidos como alvos de guerra dos comandos virtuais pertenciam a universidades e empresas de renome.

Este relatório de defesa sul-coreano coincidiu com a publicação hoje em Seul de um curioso documento do Instituto de Ciência e Tecnologia, uma organização com sede no Japão mas formada por especialistas de origem coreana. O documento destaca o desenvolvimento e a difusão que a comunicação através da informática está tendo na Coréia do Norte, por meio de redes locais de Internet, submetidas à vigilância do regime mais fechado do planeta.

Segundo o relatório, citado pela Yonhap, começam a ser ampliadas as possibilidades de compra pela Internet e o uso do e-mail já é habitual, principalmente entre os empresários que querem ampliar seus negócios a países como China e Rússia, os dois últimos aliados que restam à Coréia do Norte.

Ri Sang-chun, membro do instituto japonês, disse que "o sistema de redes de Internet ainda opera dentro das fronteiras locais, mas o crescimento de sua estruturas levará a um crescimento vertiginoso da tecnologia da informação na Coréia do Norte".

O especialista disse que em Pyongyang existe até um cibercafé com tecnologia própria norte-coreana desde abril, onde se pode acessar a Internet por cerca de três ou quatro dólares a hora, o que representa um quarto do salário mensal de um trabalhador qualificado. Embora a velocidade seja reduzida, o cibercafé da capital norte-coreana fica lotado de estudantes que querem mandar mensagens eletrônicas e jogar.

No entanto, acrescenta Ri, o primeiro cibercafé na Coréia do Norte, também em Pyongyang, foi aberto em maio de 2002, obra de uma companhia sul-coreana com bons amigos entre os nomes comunistas. Este cibercafé era usado principalmente pelos poucos estrangeiros residentes na capital norte-coreana, por isso suas mensagens recebiam atenção especial dos serviços secretos do país, talvez até dos próprios hackers que eram treinados para a guerra virtual.
 EFE

 

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