Movimentação de carro "fantasma" desafia a física

Há três semanas um fato vem intrigando o lanterneiro Hermínio Anselmo da Silva, 59 anos. O veículo Galaxie funerário da Santa Casa de Belo Horizonte (MG), que há meses está estacionado dentro de sua oficina mecânica sem bateria e com os pneus dianteiros arriados, deslocou-se 40 centímetros e, por pouco, não se chocou com um Mercedes.

Ele conta que o veículo, fabricado em 1978, estava estacionado em uma superfície plana. "Fui pegar uma mangueira e percebi que ela estava debaixo do pneu. Ninguém empurrou o carro", garantiu, afirmando que só ele possui as chaves do estabelecimento e ainda mantém uma cadela rottweiller para reforçar a segurança.

"Não tenho explicação para isso. Se eu for aprofundar muito, fico doido", afirma.

A professora emérita do Departamento de Física da UFMG, Beatriz Alvarenga, não vê explicações físicas para o deslocamento do Galaxie. Ela afirma que, em uma superfície plana, seria necessária uma força para empurrá-lo. O carro teria que vencer um atrito entre chão e pneu.

"Forças mentais não têm ação nenhuma sobre isso", garante. Ela acredita que o fato não passou de uma brincadeira para verificar o equilíbrio psicológico do lanterneiro.

O deslocamento misterioso do veículo aconteceu na manhã da quarta-feira de cinzas. "Quando saí da oficina, no dia anterior, tinha espaço entre os carros para passar uma pessoa. Se fosse problema no terreno, os outros carros que estavam ao lado também teriam se deslocado. Pode ser uma energia que está dentro do veículo", tentou explicar Hermínio, que tem 44 anos de experiência com reformas de carros antigos.

Ele lembra que quando o automóvel chegou em sua oficina havia uma corbélia de flores seca, muitas velas e vidros de formol. Tudo foi retirado. Há dois anos e meio, o carro, que pesa quase duas toneladas, vem sendo restaurado.

A movimentação do Galaxie talvez tenha servido para apressar a liberação de R$ 1.500 para finalizar a reforma, depois que Hermínio comunicou o fato ao provedor da Santa Casa, Saulo Coelho.

"Falei com ele que a verba tinha que chegar logo, porque o carro estava andando e querendo ir embora", brinca.

O dinheiro já chegou à oficina para colocação dos vidros e agora o Galaxie poderá voltar à sua função, transportando corpos para o serviço funerário da Santa Casa. "Não tenho medo. Se precisar dormir dentro do carro, durmo, mas sem abuso", enfatiza o lanterneiro.

 

 

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