66 no tribunal por abuso
contra menor
Começa nesta quinta-feira, na França, o maior julgamento por pedofilia e
incesto já realizado no país. Ao todo, 66 pessoas - 39 homens e 27 mulheres
– sentarão no banco dos réus, sob a acusação de estupro e abuso sexual
contra crianças. Os crimes teriam acontecido entre junho de 1999 e fevereiro de
2002, em Angers, oeste da França.
De acordo com os promotores, as vítimas seriam 45 crianças
ente seis meses e 14 anos, que eram estupradas pelos próprios pais, ou
oferecidas a outros adultos em troca de dinheiro. Elas se encontram sob os
cuidados do serviço social francês, e algumas gravaram depoimentos que serão
exibidos no tribunal. Segundo a promotoria, a maior parte dos crimes ocorreu no
apartamento de Franck Vergondy, que já havida sido condenado por crimes
sexuais. Vergondy e o tambem ex-condenado Eric Joubert são acusados de liderar
uma rede de pedofilia.
As investigações começaram a partir da denúncia de
uma adolescente, em 2002, e revelaram que o caso tinha proporções enormes, já
que os próprios pais abusavam dos filhos. Uma das acusadas teria prostituído
os filhos por 300 euros por semana. Um dos promotores conta que os pais de uma
criança a trocaram por um pneu novo para o carro. Outras teriam sido trocadas
por pequenas quantias em dinheiro, comida ou cigarros. Uma garota de 10 anos
teria sido violentada por mais de 30 adultos.
Evitando erros - Muitos dos
acusados são analfabetos e estão desempregados ou vivem de pensão do governo.
Vários deles afirmam ter sido vítimas de abuso sexual durante a infância. Os
advogados de defesa devem usar isso com argumento de defesa, e acusar o Estado
de omissão frente à violência sexual contra crianças. Uma sala de audiências
foi construída especialmente para o julgamento.
Foi necessário também informatizar toda a documentação
e selecionar um júri popular que estivesse disponível por quatro meses. Mais
de 60 advogados participam do julgamento, cujo processo acumula 430 páginas. A
promotoria espera evitar erros como os que ocorreram em outro caso de pedofilia,
no ano passado em Outreau, norte da França. Na ocasião, os acusados passaram
meses na prisão aguardando o julgamento.
Treze deles haviam sido implicados no caso com base em
denúncia de Myriam Delay-Badaoui, posteriormente condenada, que mais tarde
admitiu ter mentido em seu depoimento. A maior parte dos réus já reconheceu os
fatos, e se encontram sob controle judicial. Eles podem ser condenados a até 30
anos de prisão. Mesmo os acusados de delitos menores, como ocultação de
crime, podem ser condenados a até dez anos. O veredicto deverá ser divulgado
em julho.