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O herdeiro do videocassete
Henrique Martin, PC World
Quem tem mais de 25 anos deve recordar o alvoroço causado pelo lançamento
do videocassete no Brasil. Muitos chegaram a passar dias enfurnados
em casa, curtindo seus filmes preferidos no sofá da sala, até se fartar
da novidade. Afinal, mais do que ver filmes selecionados em casa, o
videocassete também permitia gravar os programas da TV. Duas décadas
depois, surgem os herdeiros desse popular equipamento eletrônico. Não, não
se trata do DVD player, que já é sucesso de público no País.
Agora é a vez dos equipamentos de mesa que unem disco rígido e gravador
de DVD. Assim, é possível guardar aquele episódio especial do seriado tão
apreciado ou o capítulo da novela em um disco óptico ou no disco rígido
do aparelho, e assistir na hora que desejar.
E tem muito mais. Três funções básicas definem o uso do DVD híbrido:
gravação de programação de TV no disco rígido ou em um DVD em branco,
geração de cópias de DVDs domésticos com o disco rígido ou então a
criação de um DVD direto da filmadora, com a conexão da câmera ao
aparelho por uma porta FireWire. É o que faz o novo gravador RD-XS32, da
Semp Toshiba (preço sugerido: 4.299 reais, www.semptoshiba.com.br),
que traz disco rígido de 80 GB. Para ávidos por capacidade de
armazenamento, há uma alternativa da Panasonic com 120 GB, o modelo DMR-E100HPL-S
(6.999 reais, www.panasonic.com.br),
porém é um aparelho mais difícil de ser comandado.
O modelo da Semp Toshiba impressiona logo que sai da caixa. Maior que um
aparelho de videocassete convencional, tem até uma espécie de porta
frontal, que esconde a gaveta do disco. O RD-XS32 inclui dois manuais de
instruções, todos em português – a interface dos menus, no entanto,
está em inglês. O primeiro manual serve para ensinar a ligar o aparelho
corretamente a vários outros equipamentos
possíveis: há duas entradas e saídas para vídeo RCA, duas para S-Video
e uma para videocomponente.
Na prática, é mais que suficiente para conectar no sistema de home
theater e ainda transformar suas fitas de vídeo em DVD. No painel da
frente do aparelho, outra portinhola esconde mais uma entrada de áudio e
vídeo e a entrada para a filmadora digital.
A operação de gravação de TV é simples. Basta selecionar a fonte e
começar a armazenar o programa. O aparelho da Toshiba permite programar
diversas gravações, que vão diretamente para o DVD ou para o disco rígido.
Além disso, é compatível com o padrão VCR Plus+. Quer fazer pipoca
enquanto vê um jogo de futebol ao vivo na tarde de sábado? Entra aí a
função timeslip, que grava a transmissão e permite pausar o aparelho de
TV e retomar do ponto onde estava.
Com um equipamento com disco rígido e gravador de DVD juntos, alguns
podem se sentir tentados a copiar DVDs comerciais, não é mesmo? Esqueça.
O aparelho permite somente cópias para o HD de discos sem proteção. Em
testes informais, um DVD de música e um filme comercial foram barrados
logo no começo. E mesmo que o conteúdo (ou parte dele) vá para a
unidade de disco rígido, ao gravar o DVD virgem o processo é
interrompido automaticamente.
Ter 80 GB para armazenamento não significa pouco espaço, mesmo para vídeos.
No modo mais básico, o RD-XS32 grava até 106 horas de filmes na unidade.
No modo com maior qualidade, chega a 18 horas. No total, são 38 níveis
de qualidade de imagem. A mídia utilizada para gravar o DVD é outro
fator importante. O padrão indicado pela Toshiba para melhor resultado
com vídeo é o DVD-RAM, que grava de uma a seis horas de vídeo,
dependendo da qualidade escolhida. Entretanto, o aparelho também funciona
com discos DVD-R e DVD-RW.
Editar vídeos gravados no disco rígido para passar para o DVD é um
processo mais demorado e depende totalmente do controle remoto. Para isso,
é necessário criar listas de reprodução ou combinar títulos em um único
arquivo, para então levar ao DVD. Aí o aparelho cumpre sua função de
videocassete digital.
DOSE DUPLA
DVD+R DL possui duas camadas e permite gravar até 8,5 GB de dados
A sopa de letrinhas que envolve o mundo dos DVDs (+, -, R, RW, RAM) ganhou
mais uma sigla: DVD+R DL (double layer ou dupla camada). Criado pela DVD+RW
Alliance (www.dvdrw.com), esse formato
utiliza duas camadas para a gravação de dados. Com isso, um disco passa
a armazenar até 8,5 GB de dados.
O número é equivalente a quase quatro horas de vídeo em um único lado
do disco. Um DVD de camada única (single layer) guarda 4,7 GB. Segundo a
DVD+ RW Alliance, um gravador DL com velocidade 8x consegue finalizar um
disco DVD+R de 8,5 GB em 16 minutos.
Apesar da maior capacidade, os discos com camada dupla enfrentam um
problema: não podem ser utilizados em gravadores de DVD convencionais. O
software de gravação também precisa de atualização. Para leitura, não
há problema. Pode ficar sossegado que o aparelho de casa vai ler.
Duvida? Preste atenção no próximo filme que alugar. Muitos discos
comerciais já informam que “pode existir uma pequena lentidão ao
trocar de camada”. Fabricantes como LG e Sony vendem no Brasil modelos
compatíveis com PC e a Imation começou a trazer mídias compatíveis com
o padrão. A diferença também está no preço. Uma mídia DVD+R simples
custa 10 reais, em média, contra 30 reais do DVD+R double layer.
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