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Polícia procura acusados de
morte por causa de comentário no Orkut
ADRIANA ALVES
KATIUCIA MAGALHÃES
da Folha de S.Paulo, em Ribeirão Preto
A polícia procura dois acusados de envolvimento em um assassinato em Ribeirão
Preto (314 km de São Paulo) que teria sido causado por mensagens postadas na
internet, na página de relacionamentos Orkut.
É a conclusão do inquérito policial para o assassinato de João Carlos Duarte
Paiva Arantes, 34, em 18 de fevereiro, em um posto de combustível que era o
tema da lista de discussão onde teria sido feito o comentário. Um acusado, irmão
do homem que seria citado no comentário, está preso.
João Carlos Arantes foi morto com 15 tiros disparados à queima-roupa, no
posto, no bairro Alto do Sumaré. A Polícia Civil concluiu a investigação na
última sexta. Segundo a investigação, Arantes teria visto o colega Paulo
Henrique Jorge saindo com um travesti.
Além de espalhar a história entre outros colegas, a vítima teria colocado a
informação na comunidade que freqüentava no Orkut, "Posto P1",
referente ao local onde acabou sendo morto. O estabelecimento é procurado por
jovens de classe média alta da cidade.
Irritado, Paulo e seu irmão Luiz Jorge Júnior (preso desde o dia do crime)
quiseram, segundo a polícia, se vingar da atitude de Arantes e teriam
contratado Emerson Marcelo Adriano para matá-lo. Paulo e Emerson estão
foragidos.
Comunidade
A comunidade "Posto P1" continua no ar, mas já não é possível
encontrar a suposta mensagem que Arantes teria postado. "Eu sempre entro na
comunidade e nunca vi essa mensagem", diz Ulisses Caliento, 20, que visita
a página e é amigo da vítima.
Caliento afirma ainda que o comentário pode nem ter partido de Arantes, já que
ele dizia não saber usar a página nem ter conhecimentos de internet. "A
gente estava no posto meia hora antes do crime e comentei com ele [Arantes] que
eu o tinha adicionado no Orkut. Ele respondeu que nem sabia entrar no site e que
algumas pessoas já tinham comentado sobre a página com o nome dele, mas não
tinha sido ele o criador."
A página, que continua no ar, foi alterada depois do crime. A vítima era filho
do fazendeiro Mário Paiva Arantes, figura conhecida da elite de Ribeirão
Preto, que empresta nome a dois bairros.
Os três suspeitos do crime foram indiciados por homicídio doloso e tiveram as
prisões preventivas decretadas. Jorge Júnior foi encaminhado ao Centro de
Detenção Provisória.
Outro lado
Luiz afirmou ser inocente e estar surpreso com sua prisão. Ele disse ainda que
conhecia a vítima por meio do irmão Paulo Henrique. O advogado dos irmãos,
Luiz Carlos Bento, disse que não teve informações sobre o inquérito e que o
seu acesso foi dificultado pela polícia.
Ainda segundo ele, a prisão de Luiz foi arbitrária, pois o rapaz estava
dormindo em casa no momento do crime.
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