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Israel
oferece emprego de espião interno na Web
A agência de inteligência israelense Shin Bet, que está sob pressão
para tentar evitar ataques palestinos ou de judeus radicais antes da
retirada de Gaza, lançou uma página de recrutamento na Internet. No
endereço www.shabak.gov.il, a Shin Bet segue o exemplo de seu equivalente
internacional, o Mossad, e de outras agências como a norte-americana CIA
e o MI5, da Grã-Bretanha, procurando espiões online.
"Amor pela humanidade, amor pelo país,
amor pela pátria ¿ esses são os requisitos básicos para ingressar na
família da agência", diz a abertura da página do Shin Bet,
assinada pelo diretor Avi Dichter. Mas alguns especialistas acreditam que
haja outro motivo para a agência ter apelado à Internet: uma tentativa
de mostrar serviço de forma mais aberta, já que há suspeitas, entre os
que se opõem à retirada de Gaza, de que seus agentes estão se
infiltrando nos assentamentos para monitorar possíveis baderneiros.
"Não é uma questão de relações
públicas. Trata-se de a Shin Bet deixando claro a todos que pertence ao
povo, e trabalha pelo povo", disse o antecessor de Dichter, Ami
Ayalon. "A introdução de uma medida de transparência é uma forma
de tranquilizar os setores mais inquietos da população de Israel",
disse ele. "Essa poderia ser uma razão secundária para a
iniciativa."
Conhecida oficialmente como Agência de
Segurança Israelense, a Shin Bet realiza missões de contraterrorismo e
contra-espionagem dentro do país e nos territórios ocupados da Cisjordânia
e de Gaza. Ela também é responsável por proteger os interesses diplomáticos
e as empresas aéreas israelenses no exterior.
Entre os palestinos, o Shin Bet é famoso
por ter permitido oficialmente técnicas de interrogatório como a privação
do sono e o método de sacudir violentamente os suspeitos, medidas
consideradas tortura pelos grupos de defesa dos direitos humanos. A página
na Internet busca agentes de inteligência para o "setor árabe",
mas não menciona uma das unidades mais secretas do Shin Bet - a Divisão
Judaica, criada nos anos 1980 para rastrear colonos militantes e os
ultranacionalistas que os apoiavam em Israel.
Recentemente, o Shin Bet advertiu que
judeus de ultradireita podem atacar locais sagrados muçulmanos ou o premiê
Ariel Sharon para evitar a realização da retirada de Gaza. Os colonos,
por sua vez, acusam a agência de fazer uma caça às bruxas. Em 1995, o
premiê Yitzhak Rabin foi assassinado por um judeu radical. Nos anos 1990,
o Shin Bet plantou um agente disfarçado de provocador entre colonos que
se opunham às negociações de paz com os palestinos. O agente, de
codinome Champagne, chegou a estabelecer uma célula armada e depois foi
julgado por isso.
Reuters
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