Televisão pela Internet começa a virar realidade
 


A televisão pela Internet começa a se tornar realidade, com a decisão da AOL e da Warner Bros de disponibilizar gratuitamente milhares de episódios de séries antigas. Embora a tendência já viesse sendo desenhada há algum tempo, o mundo da televisão se transformou radicalmente em questão de semanas.

Primeiro foi a Apple. A empresa causou sensação ao anunciar, há pouco mais de um mês, um acordo com a ABC (do grupo Disney) para levar aos iPods séries populares de televisão, como Lost e Desperate Housewives, que podem ser compradas na Internet por US$ 1,99. Mas agora as duas divisões da Time Warner prometem revolucionar o mercado devido a um acordo que disponibilizará gratuitamente através da rede episódios de séries antigas, de Wonder Woman a Kung Fu.

A iniciativa, que se chama "In2TV" ("na televisão"), começará a funcionar em janeiro e contará inicialmente com seis canais: comédia, drama, animação, ação, clássicos e super-heróis. A "In2TV" incluirá em seu primeiro ano 3,4 mil horas de programação, com cerca de cem séries produzidas pela Warner Bros.

Com o passar do tempo, a empresa considera acrescentar outros 14 mil episódios de 300 séries. Para isso, já estão sendo tratados os assuntos referentes à propriedade intelectual.

O novo serviço "trará uma coleção sem precedentes de séries de televisão a um novo nível, o que revolucionará a distribuição da programação televisiva", disse Eric Frankel, presidente da Warner Bros.

As séries serão baixadas gratuitamente, embora o internauta seja obrigado a agüentar a publicidade que vem em conjunto com os episódios. Os capítulos não poderão ser gravados para serem vistos nos aparelhos de televisão. Duas objeções que fazem alguns analistas duvidarem do êxito da iniciativa, já que ainda não está claro se o público está disposto a ver um episódio inteiro na tela do computador.

Outra dúvida é em que medida interessará ao público da Internet, em geral bastante jovem, séries antigas, como Welcome Back Kotter, com um então jovem John Travolta; ou a já mencionada Wonder Woman, quase pré-histórica aos olhos dos jovens internautas.

Trata-se, no entanto, de um dos planos mais ambiciosos da indústria da Internet para ganhar a audiência da televisão, e que evidencia a pressão à qual estão sendo submetidos os meios de comunicação tradicionais, asfixiados por gigantes como o Google ou Yahoo, capazes de levar a seus usuários todo tipo de conteúdo.

Com 122 milhões de visitantes por mês, a AOL realizou recentemente em uma reestruturação para oferecer aumentar a programação gratuita oferecida a seus usuários. A empresa pretende superar um modelo de negócio - o do acesso discado à Internet - em rápida queda, devido aos cada vez mais baratos serviços de ADSL e cabo.

Tanto a Microsoft como o Google e a Comcast, a maior companhia de televisão por cabo dos EUA, negociam com o grupo Time Warner para adquirir participação minoritária em sua filial de Internet AOL. Por outro lado, as cadeias de televisão CBS e NBC assinaram na semana passada um acordo com a Comcast e a Direct TV para vender episódios à la carte de suas séries mais populares, por US$ 0,99 cada. Enquanto isso, a Apple negocia com as cadeias CBS e NBC para levar novas séries a seus iPods.

Trata-se, portanto, de um momento de grande turbulência na televisão tradicional, já que a Internet, os aparelhos como o iPod, os vídeos à la carte e os vídeo game competem por uma atenção que há não muito tempo atrás era exclusiva da televisão. Tudo isso chega em um momento em que metade dos lares dos EUA já têm acesso à Internet de alta velocidade. O que ainda não está tão claro é se o público está preparado para trocar o sofá pelo PC.
  EFE

 
 
 

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