Ladrões de identidade usam novos recursos nos EUA

ALEJANDRO FERNÁNDEZ
da Efe, em Nova York

De papéis encontrados flutuando em Nova Orleans a complexos programas de computador, tudo serve para os criminosos financeiros roubarem a identidade de milhões de pessoas e pegar as economias das vítimas.

O roubo de identidade --o uso do nome de outro para cometer uma fraude-- se transformou em uma grande dor de cabeça nos Estados Unidos, e as autoridades e companhias do país vêem aumentam todos os dias as reclamações das vítimas desses crimes.

A mais nova estratégia para limpar as economias de muitas famílias consiste em uma complexa rede de transações para vender as ações de uma bolsa de investimento em uma corretora da bolsa pela internet, e passar o lucro para uma conta fictícia.

A fraude começa quando o computador da vítima é infectado por um vírus, que obtém informações contidas na máquina, como senhas de e-mail e de acesso a contas bancárias. Depois, os criminosos enviam ordens de venda de ações e abrem contas bancárias com nomes falsos, para onde transferem o dinheiro.

A complexidade da fraude faz as autoridades da Comissão de Valores dos EUA (SEC) acreditarem que os responsáveis são pessoas com preparação, provavelmente com curso superior em finanças. Este tipo de crime através da internet é novo, já que tem apenas seis meses de existência, o que faz aumentar a preocupação.

As corretoras da bolsa pela internet calculam que as perdas com as fraudes já somam cerca de US$ 20 milhões, não muito se comparado aos US$ 1,7 trilhões que movimentam, mas o número pode estar aumentando.

O principal problema que as companhias enfrentam é a falta de precaução de muitos clientes, que não adotam as proteções adequadas contra vírus e acesso a seus computadores.

Muitos usuários também não fazem tarefas básicas para proteger sua privacidade, como mudar periodicamente as senhas de suas contas de e-mail.

Segundo uma pesquisa da América Online e da National Cyber Security Alliance, 84% dos usuários de computadores mantêm informações pessoais, incluindo financeiras, em seus computadores de casa.

O aumento do uso de redes sem fio é mais um problema, já que muitos não usam senha para ter acesso a suas redes, o que os torna presa fácil para os vigaristas da internet.

A situação preocupa principalmente os bancos pela internet, que para atrair novos clientes disputam com ofertas difíceis de igualar, como taxas de juros para poupança que chegam a até 4% anual, contra menos de 1% que é comum nos bancos de "tijolo".

Mas as complexas estratégias das hackers não são a única forma de roubar a identidade. Os recentes furacões no sul dos EUA deram a oportunidade de roubar diretamente cartões da Previdência Social, documentos financeiros e de identidade que ficaram flutuando nas águas de Nova Orleans e que foram utilizados para abrir contas de crédito ou até pedir ajuda do Governo.

No total, segundo dados do serviço dos Correios, no ano passado foram registrados quase dez milhões de casos de roubo de identidade, com perdas de cerca de US$ 5 bilhões, quantia que pode aumentar com os novos métodos de fraude.
 
 
 

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