Blogs são a novidade nas guerras modernas

KEVIN ANDERSON
da BBC Brasil

A guerra do Vietnã é comumente citada como a primeira a ser televisionada. Agora as guerras no Afeganistão e no Iraque serão conhecidas como as primeiras a serem “blogueadas”.

Uma nova geração de soldados com blogs nos Estados Unidos, conhecidos como milbloggers (miliblogueiros, em uma versão “aportuguesada”), estão lutando no front e ao mesmo tempo contando suas experiências.

Isso está abrindo uma nova janela sobre a guerra moderna e está criando um novo gênero de literatura em tempos de guerra.

Porém alguns desses pioneiros blogueiros da frente de batalha temem que a época dourada dos “milblogs” já passou, com oficiais militares começando a controlar as informações colocadas on-line.

Pioneiros

Os primeiros milblogs apareceram no final de 2002, segundo Matt, autor do popular blog BlackFive.

Greyhawk, um soldado na ativa atualmente situado na Alemanha e escritor anônimo responsável pelo blog Mudville Gazette, cunhou o termo milblog e começaram a fazer contatos com outros militares com blogs.

Greyhawk começou a postar comentários em blogs no final de 2002, antes de iniciar o Mudville Gazette quando percebeu como era fácil fazer um blog.

“Por muitos anos eu havia visto outros ‘falarem para as tropas’ ou escolherem quais as vozes que seriam ouvidas”, disse. “Eu queria comunicar os pensamentos de um militar num momento interessante – a preparação para a guerra no Iraque.”

“Não quero falar por mais ninguém além de mim mesmo, mas esse é o apelo dos blogs. Eu não preciso de ninguém para falar por mim”, disse.

Greyhawk e outros pioneiros inspiraram centenas de soldados, pilotos, marines e marinheiros a escrever blogs em todo o mundo.

Greyhawk tem uma rede de miliblogueiros que conta com cerca de 400 milblogs ativos.

Reflexão

Muitos dos miliblogueiros começaram a escrever para atacar o que eles viam como uma inclinação anti-guerra e anti-Bush na mídia. Mas os miliblogueiros escrevem por diferentes razões, diz Matt, do BlackFive.

“Muitos fazem blogs para manter suas famílias e amigos informadas sobre suas vidas na zona de guerra, outros o fazem como um exercício de reflexão e outros são apenas grandes escritores buscando um escape para seus pensamentos e sentimentos”, disse.

Os milblogs já deram origem a alguns dos escritos mais fortes sobre a guerra.

Os miliblogueiros Jason Christopher Hartley, autor de Just Another Soldier (Apenas Mais um Soldado, em tradução livre), e Colby Buzzell, autor de My War: Killing Time in Iraq (Minha Guerra: Matando o Tempo no Iraque, também em tradução livre), já publicaram livros baseados em seus blogs sobre seu tempo no Iraque.

O que passa por eles é geralmente uma visão não filtrada e não higienizada da guerra, não de repórteres que acompanham as tropas ou de entrevistas coletivas na retaguarda, mas dos próprios combatentes na linha de frente.

Blogueiros punidos

Eles também levaram alguns blogueiros a ser punidos por divulgar informações sensíveis ou quebrar outras regras militares em seus blogs.

Greyhawk sugere aos demais miliblogueiros que pensem em como uma mensagem será recebida por seus pais, pelo Comandante-em-Chefe das Forças Armadas ou por Osama bin Laden.

“Nem todo mundo pode se aproximar de um teclado com esse tipo de responsabilidade em suas cabeças”, disse.

Um pequeno número de blogs foi fechado, mas ele diz que ainda mais miliblogueiros simplesmente pararam por conta de preocupações de segurança operacional.

 
 

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