Teles cortam 6.500 postos de trabalho em 3 anos, diz Anatel

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JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio

O número de vagas no segmento de telefonia fixa encolheu desde 2002, segundo dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). A estagnação da receita é apontada como o fator responsável pela redução do número de postos de trabalho. A análise não considera os trabalhadores terceirizados, que continuam em alta neste segmento.

Em 2002, o número de postos próprios das operadoras de telefonia fixa era de 32.635. Em 2005, com dados até julho, o número de trabalhadores nesta categoria havia recuado para 26.126, uma redução de 20% no contingente de trabalhadores.

Os números indicam que as chamadas reestruturações das companhias de telefonia fixa ainda não se encerraram. Desde a privatização do sistema Telebrás, em 1998, as grandes empresas do setor promoveram reestruturações, cada uma a seu tempo: a Telefônica chegou a demitir 9% do seu quadro de pessoal em 2003, a Telemar anunciou um corte de 955 pessoas no ano passado. Na semana passada, a nova gestão da Brasil Telecom anunciou uma redução de 12% do quadro de pessoal.

Segundo analistas, as demissões refletem o cenário mundial de estagnação das receitas da telefonia fixa. O diretor do Sinttel-DF (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações), José Goudin Carneiro, disse que há uma pressão para aumentar o número de funcionários terceirizados, que normalmente apresentam remuneração menor. Ele destaca que esse processo exclui do mercado de trabalho funcionários com mais anos de experiência, que encontram dificuldades para arranjar outro emprego.

Os dados da Anatel confirmam que as terceirizações continuam em alta entre as empresas de telefonia fixa. Em 2002, elas contavam com 88.619 funcionários nesta categoria e em 2005, com 93.539, um aumento de 6%.

A analista de telecomunicações do BES Securities, Luciana Leocádio, destaca, no entanto, que os dados podem ter sido influenciados pela separação da Contax, empresa de call center da Telemar.

Entre as principais razões para o declínio da telefonia fixa, analistas destacam a substituição dos aparelhos por telefones móveis e o aumento do uso do VoIP em grandes empresas.

Segundo o presidente da Fittel (Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações), José Zunga Alves de Lima, após a antecipação das metas as empresas passaram a demitir mais. "Nós tivemos um aquecimento do setor nos anos de 2000 e 2001, com a antecipação das metas, depois disso esse crescimento começou a murchar e hoje os trabalhadores do setor fazem o feijão com arroz", disse.

Essa mudança de perfil na telefonia, com crescimento de segmentos como banda larga e ligação pela internet já pode estar mudando os números gerais do setor. Dados da Pesquisa Anual de Serviços, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que de 2000 a 2003, última edição da publicação, o número de pessoas empregadas no setor caiu 30% e passou de 99.861 para 70.257.

Parte da explicação está no forte uso de tecnologia no setor, que cada vez emprega menos e exige maior qualificação. "Desde a privatização houve uma série de reestruturações nas empresas, mas a pesquisa de serviços não detecta o que afetou especificamente o setor", afirmou Juliana Paiva, técnica da pesquisa.

Relatório do banco Brascan afirma que há uma evidente saturação no modelo tradicional do mercado de telefonia fixa, comprovado pelo baixo crescimento da planta em serviço nos últimos dois anos. O banco estima continuidade na tendência decrescente de pulsos excedentes faturados por linha em serviço em razão do aumento superior da base móvel, da entrada em operação de planos diferenciados para classes sociais de baixa renda e da redução no tráfego de acessos discados.

Leocádio, do BES, afirma que as empresas estão investindo em atitudes de retenção de clientes, de venda de banda larga como forma de compensação para minimizar o efeito setorial de deterioração do serviço de telefonia fixa. "Se não cresce a receita nem o número de usuários, por que iria crescer o quadro de pessoal? Não tem demanda para sustentar novas contratações", disse.
 
 

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