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EUA coletaram
secretamente dados bancários em vários países
da Folha Online
O governo americano, com base em uma declaração de emergência do
presidente George W. Bush, coletou secretamente dados bancários
de operações financeiras realizadas em vários países do mundo
por cerca de cinco anos, segundo informações de funcionários do
governo dos EUA.
Iniciado pouco depois dos ataques terroristas de 11 de Setembro,
o programa de vigilância utilizou uma nova interpretação dos
poderes do Departamento do Tesouro americano, desrespeitando a
barreira de privacidade garantida às transações bancárias.
No programa, os EUA coletaram dados de milhares de
transferências internacionais de dinheiro --inclusive as feitas
por cidadãos americanos--, em um esforço para identificar a
localização, identidade e atividades de suspeitos de terrorismo.
Segundo funcionários da área de contraterrorismo, o programa
funciona em conjunto com a vigilância de chamadas telefônicas
internacionais e envio de e-mails realizada pela Agência de
Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), que coletou sem
mandado judicial dados telefônicos de mais de 5.000 americanos
suspeitos de ligação com atividades terroristas.
A existência do programa --que seria administrado pelo
Departamento do Tesouro em conjunto com a CIA-- foi relatada
ontem na versão na internet dos jornais americanos "The New York
Times", "The Los Angeles Times" e "The Wall Street Journal".
O subsecretário do Tesouro americano para terrorismo e
inteligência financeira, Stuart Levey, disse que o programa é
"legal" e foi usado de "forma apropriada" pelo governo.
Segundo o secretário do Tesouro americano John Snow, o programa
não tem a intenção de "invadir a privacidade" dos cidadãos
americanos, mas de atingir o "coração" das atividades
terroristas. Tanto Snow quanto Levey devem participar de uma
coletiva de imprensa para fornecer mais informações a respeito
do programa.
Dados
Para colocar o programa em prática, o governo americano teria
utilizado dados da Sociedade para a Telecomunicação
Interbancária Mundial (SWIFT, em inglês), cooperativa belga que
lida com dados financeiros de cerca de 7.800 instituições em
mais de 200 países.
O serviço, que mapeia mais de 11 milhões de mensagens por dia,
captura informações de transferências e outros métodos de
movimentação financeira com origem ou destino nos Estados
Unidos. A cooperativa não executa transações financeiras.
Em um comunicado, a Swift afirmou que negociou com o Tesouro
americano o fornecimento das informações financeiras. "A Swift
recebeu garantias de que o controle aconteceria de maneira
limitada e controlada", disse a cooperativa. "Auditorias
independentes foram realizadas para garantir que as proteções
sejam cumpridas".
Programa
A administração defendeu o uso do programa, dizendo que ele
desempenha um papel "vital" nos esforços para identificar as
finanças das atividades terroristas. "O programa nos abriu uma
perspectiva única e valiosa das operações de redes terroristas",
afirmou Levey.
A vice-secretária de imprensa da Casa Branca, Dana Perino,
expressou preocupação com a divulgação pública do programa.
"Nós sabemos que os terroristas prestam atenção à nossa
estratégia para combatê-los, e agora eles têm mais uma peça do
quebra-cabeças de nossos esforços para alcançá-los", afirmou.
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