Sites oferecem um novo jeito
de "colar"
A Internet deu a alunos acesso a uma infinidade de informação,
tornou barata a comunicação com familiares e amigos distantes e até
possibilitou assistir a aulas de universidade remotamente. Mas
também reacendeu uma antiga praga acadêmica: a venda de trabalhos.
Até mesmo o aluno mais esforçado
teria agonizado com a tarefa: uma dissertação sobre o valor social
da crítica literária. Mas Richard acabou em uma tarde, copiando e
colando parágrafos da Internet em uma empresa online que vende
trabalhos para estudantes norte-americanos desesperados.
O aluno que encomendou a
dissertação reclamou que o trabalho não era original. "Quase fui
despedido por plágio, o que achei até engraçado", disse Richard.
"Qualquer estudante que vai em um site desses está comprando um
trabalho plagiado."
Richard, que pediu que seu
sobrenome fosse mantido em sigilo, trabalhou para uma empresa online
que fornece trabalhos enquanto fez faculdade, mas desistiu da área e
agora é professor.
Na Web existem dezenas de sites
semelhantes ao que Richard trabalhava, como http://customresearchpapers.us,
http://thepaperexperts.com e http://termpaperrelief.com, que vendem
trabalhos a US$ 15, cerca de R$ 32.
Cerca de 37% dos alunos
universitários admitem ter copiado porções da sua pesquisa da
Internet, de acordo com uma pesquisa de 2006 com 60 mil alunos,
conduzida por Donald McCabe, professor de gerenciamento e
administração global na Rutgers University, em Newark, Estado de
Nova Jersey, nos Estados Unidos. Em 1999, 10% admitiam.
No total, 3% admitiu baixar
trabalhos completos da Internet e 77% dos alunos disseram não
considerar pegar material da Internet um problema. "É tão
predominante, fácil e anônimo", disse McCabe.
Caindo na tentação
Alunos valorizam a originalidade, mas quando enfrentam a pressão de
uma data limite e horários apertados, a cópia de material da Web -
mesmo que apenas alguns parágrafos - é um atalho fácil.
"Estudantes acreditam na
honestidade, acreditam na verdade, podemos ver isso com clareza",
disse Timothy Dodd, diretor executivo do Centro de Integridade
Acadêmica na Duke University, em Durhman, Carolina do Norte. "Mas em
um momento de pânico, esses valores ficam em segundo plano."
A tentação de atalhos é antiga na
cultura moderna americana - de atletas profissionais que usam
esteróides para melhorar sua performance e corporações que fazem
transações ilegais com ações para pagar rapidamente executivos até
membros do congresso que direcionam contratos a doadores para uma
reeleição.
Talvez a melhor das comparações
seja a da editora Little, Brown & Co. que recolheu o livro How
Opal Mehta Got Kissed, Got Wild, and Got a Life depois que foi
provado que grandes partes do livro, escrito pelo aluno de Harvard
Kaavya Viswanathan, imitavam outras obras. Viswanathan disse que as
semelhanças eram acidentais.
"Temos orgulho da nossa habilidade
de mudar e desenvolver novas formas de ver o mundo", disse Leigh
Hafrey, professor da escola de administração do MIT, em Cambridge,
Massachusetts. O lado ruim é a inabilidade de determinar quais
regras se aplicam a o que, de acordo com Hafrey. "Um dos fortes de
nossa nação é também é uma fraqueza. Qualquer indivídio quase que
diaramente tem que renegociar onde ele ou ela está em relação ao
mundo."
Um site, o Custon Research Papers,
argumenta que estudantes podem procurar ajuda profissional para
ajudar em seu desempenho acadêmico. "Quando você consulta seu
advogado, você não está trapaceando por usar seu conselho
profissional, porque você pagou pelo seu conhecimento. É o mesmo com
outras profissões intelectuais", diz o site.
"Isso é bobagem", diz John Barrie,
fundador da http://turnitin.com, um serviço online que universidades
usam para avaliar alunos. "Estas empresas trabalham para vender
trabalhos para alunos trapacearem. Ponto final."
AP
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