Sindicância vai apurar morte de
jovem que tomava emagrecedores
Erika Daguano
Direto de Ribeirão Preto
A Secretaria da
Saúde de Ribeirão Preto abriu sindicância interna para apurar se
houve negligência médica no atendimento da adolescente Rhaissa
Gabriela Alvarenga Costa Araújo, de 16 anos. A adolescente
morreu no início da noite de quarta-feira (6) na Unidade Básica
Distrital de Saúde do bairro Castelo Branco de parada cardíaca.
Rhaissa era obesa e tomava remédio para emagrecer.
Desde sábado
ela tinha taquicardia, foi atendida em postos de saúde e até
internada na Santa Casa local, mas liberada depois. A
adolescente tinha 1,67 metro e pesava 96 quilos.
O medicamento
pode ser uma das causas da morte. A mãe de Rhaissa, Kátia
Elizabeth da Costa, afirmou que a filha não teve overdose (por
automedicação) e o problema dela seria pulmonar - não cardíaco
ou psicológico, como teriam dito os médicos.
A adolescente
foi internada sábado na Santa Casa de Ribeirão Preto, depois que
passou pela UBDS do Castelo Branco. O quadro era de taquicardia,
desconforto e irritabilidade, segundo informou o secretário da
Saúde de Ribeirão Preto, Oswaldo Cruz Franco.
A
irritabilidade seria atribuída ao medicamento sibutramina
(princípio ativo do medicamento que combate a obesidade), que
age no sistema nervoso central e, em algumas pessoas, apresenta
efeitos colaterais, como insônia, mal-estar e taquicardia.
O secretario da
Saúde disse que o médico particular da jovem teria recomendado a
interrupção do medicamento, mas que não sabe se isso ocorreu de
fato. A mãe informou que ela mesma levava apenas um comprimido
por dia para Rhaissa na escola e alega que o remédio é um
antidepressivo.
Idas e
vindas
Na terça-feira (5), Rhaissa voltou a ser atendida num posto de
saúde, sendo encaminhada novamente à Santa Casa. Ela retornou
pra casa após o atendimento e voltou à UBDS do Castelo Branco na
quarta a tarde, quando teve uma irreversível parada
cardiorrespiratória.
O corpo de
Rhaíssa foi levado para necropsia e houve coleta de material até
para exame toxicológico. Os resultados dos exames devem sair em
cerca de 30 dias, segundo o Secretario da Saúde.
Segundo a mãe
de Rhaissa, sua filha era paciente dos postos de saúde do
município desde a infância, pois até os 13 anos tinha bronquite.
Nos últimos quatro meses, a adolescente começou a engordar muito
e, com o medicamento, perdeu 7 quilos em 45 dias. Kátia disse
que ouviu dos médicos, em duas ocasiões, que o problema da filha
seria "psicológico" e não pulmonar, como ela tinha sugerido,
devido ao quadro antigo de bronquite da adolescente.
Por isso, ela
registrou um boletim de ocorrência no 8º DP para que o caso seja
investigado também pela polícia. A sindicância interna da
Secretaria de Saúde deverá ficar pronta em cerca de três meses.
Pela investigação inicial, Franco informa que não houve falhas
nos atendimentos. "Ela foi atendida por várias equipes",
explicou.
O Conselho
Regional de Medicina (CRM) deve abrir um procedimento interno
para avaliar a conduta médica.
|