Internet se confirma como o espaço para a democratização da fama


GLENN CHAPMAN
da France Presse, em San Francisco

Sites como YouTube e Second Life obtiveram status de estrelato em 2006, ajudando a transformar a internet de "janela para o mundo" em "palco", onde pessoas comuns expõem suas vidas e sonhos como em um show.

O poderoso site de buscas Google fechou um acordo de US$ 1,65 bilhão para comprar o YouTube, site em que usuários compartilham video clipes variados.

O MySpace, voltado para adolescentes, passou a oferecer um serviço adicional que habilita a venda de canções do perfil do usuário em lojas virtuais.

Concorrente do Google, o Yahoo! comprou o site Bix, que fornece um fórum on-line para competições em que cantores, dançarinos, comediantes, fotógrafos ou qualquer um que acredite ter talento pode competir por prêmios e atenção mundial.

O Yahoo! também fez uma convocação mundial para que as pessoas enviem fotos digitais, filmes, vídeos e trabalhos escritos para serem coletados on-line e colocados em uma cápsula do tempo dedicada à vida em 2006 --que será enterrada no terreno da empresa, no Vale do Silício.

Surgiu o mundo virtual Second Life, onde pessoas existem na forma de avatares gráficos construídos para realizar fantasias --que incluem mudança de sexo, de estilo e até mesmo de espécie, já que os jogadores podem virar animais.

No fim deste ano, o site de rastreamento de weblogs Technorati registrou a entrada de mais de 50 milhões de páginas na internet dedicadas a troca de idéias, opiniões e notícias.

"Vê-se mais gente se envolvendo na produção de conteúdo ao invés de ser consumidores passivos", disse Coye Cheshire, professor assistente especializado em estudos de internet na Universidade da Califórnia, em Berkeley.

"YouTube, MySpace, FaceBook e o crescimento de conteúdo da [enciclopédia on-line] Wikipedia são todos dirigidos pelo usuário. As pessoas não estão usando a internet apenas para obter informações, mas para expor outras à mídia que criam", acrescentou.

A Wikipedia foi criada como uma enciclopédia on-line editada e refinada por seus visitantes virtuais --que têm liberdade, na maior parte dos casos, para modificar os verbetes como quiserem.

Egocentrismo

Cheshire disse que seria errado deduzir que a crescente disputa por atenção na internet significa que as pessoas estão se tornando mais egocêntricas.

"Eu não acho que as pessoas tenham se tornado mais vaidosas", disse à France Presse. "É apenas que a oportunidade de se expressarem mudou: entrar na rede e ser você mesmo ou alguém diferente, ou um homem que se faz mulher on-line".

"A um custo baixo, as pessoas exploram diferentes lados de si próprias sem arriscar suas identidades no mundo real. É algo que nunca vimos antes da internet", ressaltou.

O crescente número de pessoas que se expõem on-line é o resultado natural de uma tecnologia avançada acessível bem como da existência da internet. "É uma seqüência perfeita de eventos", disse Cheshire. "Mais pessoas estão usando a internet e há mais inspiração na descoberta de todos os tipos de formas de se expressar".

"Alguém poderia ter tido a idéia brilhante de deixar as pessoas carregarem vídeos 15 anos atrás, mas não havia formas de fazê-lo. Agora, há acesso amplo, motores de buscas e browsers que não custam nada", acrescentou.

Cheshire defende que o caminho da internet é guiado por uma interação com freqüência imprevisível entre fatores sociais e avanços tecnológicos. "Em termos de quem está no comando, não há ninguém", disse Cheshire. "É um processo recíproco entre tecnologia, necessidades e desejos."
 

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