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Computador de baixo custo "emperra" no varejo
da
Folha de S.Paulo
As poucas experiências com computadores de baixo custo ("low cost PC") revelam dificuldades para a venda no varejo.
Há cerca de um ano e meio, a AMD, empresa americana de processadores e soluções, desenvolveu um computador mais popular e barato, o PIC (Personal Internet Communicator), também com fins de inclusão em nações emergentes.
Disponível no exterior a um preço entre US$ 200 e US$ 250 (R$ 840 no Brasil), o aparelho, no entanto, não vingou em vendas, o que levou a AMD a suspender a fabricação em 2006.
"Tivemos grandes dificuldades ao entrar no varejo [com o aparelho], esbarramos na questão do microcrédito", diz Otto Stoeterau, gerente de projetos da companhia no país.
Além da necessidade de financiamento ao consumidor de baixa renda, ele diz que o projeto deixou outras questões em aberto: "Os PCs estão cada vez mais acessíveis [...] Será que é necessário um PC do jeito como ele existe hoje para um projeto de inclusão digital?"
Juan Jimenez, vice da HP, diz que a empresa prefere apostar na redução gradativa do preço do PC do que na oferta menor de recursos e soluções para que ele fique acessível.
Críticas
Nicholas Negroponte, presidente da OLPC, tem outro conceito. Às críticas sobre limitações operacionais do "laptop de US$ 100", responde que o projeto tem fins educacionais e de inclusão, e não tecnológicos.
A visão é semelhante à de Reinaldo Sakis, do IDC Brasil. "No mercado da América Latina, o fator preço ainda é o principal. Para quem não tem nada, as necessidades são menores."
O analista, porém, faz um alerta. "O marketing terá que ser bem trabalhado pelas empresas, para o consumidor não se sentir enganado. Ele deverá ser informado de que terá um aparelho com poucas funções."
Apesar das vendas titubeantes e das incertezas quanto aos recursos do aparelho, Stoeterau diz acreditar no nicho. "No primeiro mês [de venda] no Brasil, tivemos 150 mil chamadas [o PIC era vendido no país só por telefone], o que demonstra que há demanda."
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