SÃO PAULO - A emissora de televisão SBT
só conseguiu implantar um sistema de
Business Intelligence após vencer a
insegurança dos usuários.
Os cerca de 80 gestores do SBT
(Sistema Brasileiro de Televisão),
segunda maior emissora de TV do país,
com 5 mil funcionários e 105 emissoras
filiadas que cobrem 95% do território
nacional, estavam acostumados a usar
planilhas eletrônicas, mas cada qual a
sua maneira e com seus números. Para
garantir o acesso a informações
atualizadas e consistentes, a equipe de
TI da emissora sugeriu uma solução de
Business Intelligence (BI), no final de
2005. Mas o que se viu foi uma
resistência forte ao projeto por parte
dos diretores e analistas do
departamento comercial. Nada tinha a ver
com tecnologia, mas com uma insegurança
para enfrentar mudanças na forma de
trabalho. "Esses funcionários passavam
dias inteiros inserindo dados nas
planilhas e faziam de duas a três horas
extras em período de balanço para
conseguir dar conta do recado. Quando
dissemos que o trabalho seria feito
online, sem necessidade de digitar os
números, muitos ficaram com medo de
perder a função", diz Nelson Carpinelli,
gerente de TI do SBT.
Para integrar os gestores no conceito
de BI, a equipe de TI criou um programa
de gestão de mudança, com treinamento e
palestras sobre as vantagens que o
comprometimento deles com o projeto
trariam. "Por duas semanas, fizemos com
que os usuários mais resistentes
comprassem o projeto, pois eles
entenderam que seu papel seria mais
estratégico para a companhia", afirma
Carpinelli. Outra barreira encontrada na
fase inicial do projeto foi perceber que
ainda havia desconfiança em relação ao
conceito de BI, devido a uma tentativa
anterior de implementação, também na
área comercial, mas que não tinha dado
certo. Segundo Carpinelli, faltou na
época um patrocinador forte para a
iniciativa, e o projeto envolvia o uso
de uma ferramenta específica, em vez do
conhecido Excel. Desta vez, a solução
para centralizar as informações de apoio
às decisões de negócio seria
implementada com uma modificação de
banco de dados, mas não de interface,
que continuou a ser a do pacote Office,
da Microsoft. "Os diretores não queriam
abrir mão das planilhas eletrônicas. Mas
conseguimos provar que o BI resultaria
num modelo integrado das bases de
informação, o que é mais confiável", diz
Carpinelli. Na sua opinião, ter adotado
o framework de BI da Microsoft foi um
dos pontos fortes do projeto, pois
tornou o uso do sistema mais simples
para o usuário final. Outra vantagem foi
a economia, já que não houve a
necessidade de comprar software. Os
custos ficaram restritos à
implementação. "Não tivemos gastos com
ferramentas, só com consultoria. Se
fosse uma solução de mercado, teríamos
gasto 70% mais", diz Carpinelli.
Data mart
Internamente, a equipe de TI do SBT,
formada por 12 profissionais,
desenvolveu uma arquitetura de data
marts incrementais em vez de um data
warehouse tradicional. "Era preciso
gerar confiança nos números do sistema.
Então, implantamos pequenos BIs, gerando
um grande banco de dados com informações
úteis", diz Carpinelli.
A emissora do Grupo Silvio Santos
contratou a consultoria Pro IT para
implantar o portal comercial, baseado no
conceito de Business Intelligence. O
projeto, dividido em dois módulos, foi
denominado Síndrome de BI. Na primeira
etapa, o Sistema Gerencial de Vendas
levou dois meses para entrar em
funcionamento. Com ele os diretores
conseguem acompanhar as vendas de espaço
de mídia e de patrocínios, comparando-as
com as metas de resultados estabelecidas
pela organização. Por sua vez, o Sistema
de Informações de Mercado, que levou
quatro meses para começar a operar,
permite que os dados internos sejam
comparados com várias fontes de mercado.
Segundo Carpinelli, essa ferramenta
trouxe agilidade à distribuição de
informações importantes para o negócio.
"A tomada de decisões estratégicas ficou
mais rápida. Antes, era preciso enviar
um e-mail para cada gestor, esperar a
resposta e aí sim tomar as decisões.
Hoje, como a ferramenta é online, todos
os diretores e gerentes têm acesso aos
dados em tempo real e de uma só vez",
afirma Carpinelli.
A segurança também foi levada em
consideração pelo SBT na hora de aderir
ao BI. Muitas das informações comerciais
que circulam nas planilhas são
confidenciais. Quando os números eram
trabalhados de forma descentralizada não
era possível assegurar o sigilo. Agora,
os 80 gestores da empresa que utilizam o
BI precisam digitar senhas para entrar
no portal comercial. "No fundo, o BI
gerou um redesenho dos processos de
decisão", afirma Carpinelli.
INFRA-ESTRUTURA DE TI
SERVIDORES: 150 máquinas
SISTEMA OPERACIONAL: Windows
ERP: Oracle
BANCO DE DADOS: Oracle e SQL Server
EQUIPE DE TI: 12 profissionais
USUÁRIOS DO BI: 80 pessoas