Ocultar dados não evita assédio a crianças na web, diz estudo

da Associated Press, em Nova York

Evitar a divulgação de dados pessoais na internet não garante que crianças e adolescentes estejam a salvo de abordagens ou de assédio sexual. É o que diz um estudo publicado nos Arquivos de Medicina Pediátrica e Adolescente dos Estados Unidos.

Os pesquisadores não encontraram evidências de que compartilhar informações pessoais aumenta as chances de que os usuários sejam vítimas de crimes online, como solicitações sexuais não desejadas ou assédio.

A vitimização seria mais um resultado do comportamento do usuário, como falar de sexo com pessoas que não são conhecidas pessoalmente ou intencionalmente envergonhar alguém na internet.

Michele Barra, uma das autoras do estudo e também presidente da ong internet Solutions for Kids, alerta que parentes e educadores não devem orientar as crianças a deixarem de se comunicar, mas sim ensiná-las quais comportamentos devem ser evitados. "Precisamos ser mais específicos em nossas mensagens", diz.

A pesquisa se baseou em entrevistas por telefone com 1.500 usuários de internet com idade entre dez e 17 anos. Em um outro estudo de 2004, publicado no Jornal de Saúde Adolescente americano, pesquisadores descobriram que os crimes raramente envolvem criminosos que mintam sobre sua idade ou motivações sexuais.

A pesquisa diz ainda que os criminosos geralmente não são estranhos. "A maioria dos casos de vitimização sexual ocorrem nas mãos de pessoas que os criminosos conhecem e muitos acontecem com pessoas que são amigas", diz Janis Wolak, co-autor de ambos estudos e membro do Centro de Estudos de Crimes Contra Crianças da Universidade de New Hampshire.

O estudo também descobriu que as vítimas de crimes online tendem a ser adolescentes com problemas fora do mundo virtual, como pouco relacionamento com os pais, solidão e depressão.

Mancy Willard, autora do livro "Crianças ciber-seguras, adolescentes ciber-experientes", diz que os criminosos não precisam juntar pistas de informações pessoais para pegar crianças quando eles têm um meio mais fácil - os adolescentes, especificamente, costumam ter alguns comportamentos de risco, como postar imagens provocantes em seus perfis em sites.

Muitos especialistas em segurança na internet acreditam que os pais e educadores não devem baixar a guarda em relação a orientar as crianças a não postarem informações pessoais em sites.

"O único jeito do crime acontecer é se crianças e adolescentes acabarem conhecendo o estranho, e isso acontece quando eles dão seus dados pessoais", diz Susan Sachs, policial chefe que trabalha com a ong Common Sense Media.

 

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