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Currículos que funcionam
Rosa Sposito,
edição de abril de 2007SÃO PAULO
Veja o que valoriza um profissional de tecnologia.
A Microsoft recebe cerca de 25 currículos por dia. A Unisys, outros 500 por mês
— em 2006, foram 6 mil. Por que um candidato é chamado para entrevista e o outro
não? A resposta pode estar no currículo. Nem sempre basta ter boa formação e
carreira sólida. Essas informações devem aparecer de forma clara, concisa e
objetiva. “O entrevistador avalia o que o profissional pode trazer para a
empresa. É importante que o currículo mostre as contribuições que ele deu nos
empregos anteriores e os resultados obtidos”, afirma Mylene Mitrulis, gerente de
recrutamento da Microsoft.
Os consultores de recursos humanos recomendam que o profissional prepare mais de
um currículo para atender a diferentes situações. Se conhecer os requisitos da
vaga, deve ressaltar as habilidades e experiências relacionadas com eles. “No
currículo-padrão, essa informação pode passar despercebida, estar num cantinho
escondido”, diz Leyla Galetto, diretora do Grupo Foco.
Veja o exemplo citado por Malena Martelli, diretora de recursos humanos da
Unisys. A empresa precisa preencher com urgência uma vaga de gerente de projetos
de TI, porque acabou de ganhar uma concorrência num banco. “Se eu bater o olho
em um currículo de uma pessoa com experiência em gerência de projetos na área
financeira e formação em Ciência da Computação na USP, certamente ela será
chamada para a entrevista”, diz Malena.
Confira aqui um modelo de currículo e abaixo dicas do que colocar em cada
tópico:
APRESENTAÇÃO
Seja breve, claro e, ao mesmo tempo, abrangente. Coloque as informações mais
importantes sobre a formação e a vida profissional de forma lógica e organizada,
para facilitar a leitura. Evite fontes de letras muito pequenas ou cheias de
firulas e o excesso de palavras grifadas — esse recurso deve ser usado apenas
para destacar palavras-chave, que poderão facilitar o armazenamento do seu
currículo em um banco de dados inteligente. Não mande foto. De modo geral, o
currículo não deve passar de duas páginas. A exceção são para os cargos
executivos, como presidente ou diretor de empresa. “Esse é um processo demorado,
complicado, arriscado e caro”, afirma Riccardo Gambarotto, diretor da empresa de
headhunters Spencer Stuart. “Por isso, é preciso conhecer toda a vida
profissional do candidato.”
OBJETIVO E PERFIL
Decida exatamente o que você quer fazer — a área em que quer atuar ou a posição
desejada e coloque isso como objetivo, logo no início. Esse item facilita a
vida de quem vai ler o currículo e, por isso, deve vir após a identificação
pessoal que deve conter apenas seu nome, endereço completo, telefone, celular
e e-mail. Faça também uma síntese do seu perfil profissional, destacando
qualificações, o tempo de carreira e as áreas em que tem mais experiência. Se
trabalhou em empresas conhecidas no mercado, ou morou algum tempo no exterior, é
importante ressaltar.
HISTÓRICO PROFISSIONAL
Essa é a parte mais importante do currículo. É onde você deve colocar os
projetos de que participou. Comece sempre pelo último emprego, mencionando o
nome da empresa, o período em que trabalhou nela e o cargo ou as funções que
exerceu. Se não for conhecida, convém acrescentar uma breve descrição sobre ela
(área em que atua, faturamento ou origem). Ressalte a sua contribuição nos
resultados positivos que a empresa possa ter obtido. “Se participou de um
projeto de TI que ajudou a organização a aumentar sua receita em 10%, por
exemplo, isso deve estar no currículo”, diz Mylene Mitrulis, da Microsoft.
É preciso ter bom senso para não cansar o pessoal de recrutamento com uma lista
interminável de realizações que podem não ser tão relevantes — ao menos para a
vaga disponível. Bom senso também é fundamental na hora de descrever atividades
ou funções mais técnicas. As “sopas de letrinhas” muito comuns na área de
tecnologia podem ser um diferencial no currículo, mas é preciso levar em conta
que quem vai ler o currículo primeiro é alguém da área de recursos humanos, que
pode não dominar detalhes do linguajar técnico.
FORMAÇÃO E IDIOMAS
A formação acadêmica deve conter os cursos de graduação, pós-graduação, MBA e de
especialização — só os relevantes para a carreira. Além do nome do curso, é
preciso colocar o nome da instituição e o período em que foi feito. Cursos fora
do Brasil e as certifi cações profi ssionais também devem ser mencionados.
Dependendo da empresa, o conhecimento de outras línguas em especial, o inglês
é essencial. Na Microsoft, por exemplo, falar inglês é pré-requisito. Por
isso, o currículo deve informar que idiomas você conhece e se é fluente, ou está
no nível intermediário. Se só souber o básico, é melhor não colocar nada.
COMO MANDAR
O currículo pode ser enviado por correio ou por e-mail, de preferência
acompanhado de uma breve carta (ou mensagem) de apresentação, mencionando a
pessoa que o indicou caso tenha uma referência ou se está respondendo a um
anúncio de emprego. Outra opção é mandar o currículo diretamente para o banco de
dados da empresa, por meio do seu site.
Em alguns casos, é recomendável ter também uma versão em inglês (veja modelo em
www.info.abril.com.br/carreira/curriculo-ingles.pdf). “Isso, principalmente, se
for uma vaga para uma empresa internacional, ou se a pessoa for ocupar uma
posição gerencial”, observa Marcelo Mariaca, do grupo Mariaca.
O QUE É PROIBIDO
MENTIR OU MAQUIAR A INFORMAÇÃO: Não se esqueça que o currículo é só a porta de
entrada na empresa. Depois vem a entrevista, na qual a mentira acaba sendo
descoberta. As empresas são implacáveis: o mentiroso é excluído da seleção.
ERROS DE DIGITAÇÃO OU DE PORTUGUÊS: Revise bem o texto, antes de enviar o
currículo.
INFORMAÇÕES QUE PODEM PESAR CONTRA: Por exemplo, dizer que você tem o inglês
básico ou curso de pós-graduação incompleto.
PRETENSÃO SALARIAL E REFERÊNCIAS PESSOAIS: Deixe para dar esse tipo de
informação quando lhe pedirem.
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