|
Organização: violência mata 50 mil ao
ano no Brasil
Um relatório elaborado pela Human
Rights Watch (HRW), organização com sede em Nova York, aponta que o crime e a
violência urbana deixam 50 mil mortos ao ano no Brasil. Segundo o texto, os
crimes acontecem em um ambiente em que policiais se envolvem em práticas
abusivas, como tortura, extorsão e intimidação. A organização aponta que as
regiões metropolitanas do País estão assoladas pela violência gerada por
gangues, policiais abusivos e, no Rio de Janeiro, por milícias possivelmente
vinculadas à polícia.
Citando estimativas oficiais, o relatório aponta que a polícia matou 694 pessoas
nos primeiros meses do ano passado no Rio de Janeiro, um terço a mais que no
mesmo período de 2006.
Em São Paulo, policiais mataram 201 pessoas no primeiro semestre, enquanto 15
policiais foram mortos no mesmo período. "Policiais abusivos são raramente
punidos, e os abusos são algumas vezes justificados pelas autoridades como um
produto inevitável dos esforços para combater as altas taxas de criminalidade no
Brasil", afirma o texto.
A violência também acontece em prisões superlotadas, onde 651 pessoas foram
mortas enquanto estavam detidas nos primeiros quatro meses de 2007, disse o HRW.
O Brasil tinha 419.551 detentos em junho do ano passado, ultrapassando a
capacidade do sistema prisional em aproximadamente 200 mil pessoas, indicou o
estudo, citando o Departamento Penitenciário Nacional.
O relatório diz que rebeliões geraram mortes em prisões superlotadas, onde
detentos são mantidos em condições desumanas. Como fato positivo, o estudo
destaca a condenação de três pessoas pelo assassinato em 2005 da missionária
Dorothy Stang devido a sua luta pela reforma agrária.
O texto aponta, por outro lado, que o País nunca processou os responsáveis pelas
atrocidades cometidas durante o regime militar, embora tenha determinado em 2007
que as Forças Armadas abram arquivos confidenciais para saber o que aconteceu
com os corpos dos que morreram ou "desapareceram" durante o envio de tropas para
combater a guerrilha do Araguaia, em 1971.
Reuters
|