BARCELONA - O cineasta Robert Redford
elogiou sites populares de partilha de
vídeos, como o YouTube.
Mas disse que o conteúdo de qualidade
ainda vem de filmes propriamente ditos.
"Estou do lado do conteúdo", disse
ele na quarta-feira no Congresso Mundial
de Telefonia Celular, em Barcelona. "A
tecnologia precisa dela, mas o que
diferencia o joio do trigo é a
qualidade."
"O YouTube e sites desse tipo
favorecem a democratização, mas existe
muita porcaria aí fora."
Redford e a associação da indústria
de telecomunicações GSM lançaram em
novembro de 2006 um projeto de produção
de curtas-metragens para celulares.
Até agora, disse Redford, 71 anos, já
foram produzidos cinco curtas.
O cineasta premiado com o Oscar, que
fundou o Instituto Sundance de Cinema
para incentivar o cinema independente,
disse que assiste a filmes em seu
celular e que arte e tecnologia não
precisam se excluir.
"Quanto mais a arte se fundir com a
tecnologia, mais ela vai impulsionar a
tecnologia", disse Redford à Reuters.
Ele disse que, embora o
entretenimento nos celulares possa ter
um efeito isolador, está convencido de
que as pessoas sempre vão precisar da
interação social e vão procurá-la.
"Existem inúmeros usos para os
celulares, mas eles não passam de outra
forma de comunicação humana", disse
Redford.
Indagado que filme recente lhe causou
impacto duradouro, Redford citou "O
Escafandro e a Borboleta", de 2007.
O filme descreve a vida de um homem
de 43 anos depois de um derrame deixá-lo
paralisado, de modo que o único modo de
comunicação que lhe resta consiste em
piscar com seu olho esquerdo.
"Dava para sentir a agonia dele",
comentou o cineasta.
Sobre seus próprios filmes, Redford
disse que há momentos memoráveis demais
para dizer qual é seu favorito.
"O que mais me impressiona ou
satisfaz é ter feito filmes que me
disseram que não poderiam ser feitos.
Isso me satisfez profundamente."
O diretor acrescentou que não tem
interesse ou paciência para fazer
sequências, porque existem tantas
histórias originais a serem contadas.