SEATTLE - Craig Mundie, o
vice-presidente de pesquisa e
estratégia da Microsoft, está certo
de que sabe bem para onde a
tecnologia está se encaminhando. Mas
não sabe exatamente quando.
Mundie, que assumiu a posição de
principal visionário da Microsoft,
posto ocupado até 2006 pelo
co-fundador da empresa, Bill Gates,
está preparando a companhia para uma
virada tecnológica que, segundo ele,
será tão grande quanto a ascensão do
computador pessoal ou da internet: a
computação paralela.
"É mais fácil para nós ter um
senso razoavelmente preciso do que
vai acontecer, e até realizar bons
avanços técnicos para concretizar
essas mudanças", disse Mundie em
entrevista à Reuters. "Mas quase
tudo que tentamos fazer demorou mais
do que esperávamos."
Mundie comanda o orçamento de
pesquisa e desenvolvimento de 7
bilhões de dólares ao ano da empresa
e conhece em primeira mão o tempo
que pode ser necessário para
desenvolver até mesmo as mais
promissoras tecnologias.
Afinal, foi ele que comandou os
esforços da Microsoft no ramo da TV
via Web e quanto a formas não
tradicionais de computação.
A computação paralela vem sendo
alardeada há anos como o próximo
grande avanço da tecnologia e
permitiria que computadores
operassem mais rápido, dividindo as
tarefas entre múltiplos
microprocessadores em lugar de
utilizar um processador único para
realizar uma tarefa de cada vez.
O pleno potencial dessa
tecnologia é quase imprevisível, mas
ela poderia gerar grandes avanços em
robótica ou aplicativos de software
capazes de traduzir documentos em
tempo real e em múltiplos idiomas.
A indústria da computação deu os
primeiros passos em direção da
computação paralela nos últimos,
usando chips de "múltiplos núcleos",
mas Mundie diz que isso é apenas "a
ponta do iceberg".
Para maximizar a potência dos
computadores, as produtoras de
software terão de mudar a forma de
trabalho de seus programadores.
"O problema será difícil",
admitiu Mundie, que trabalhava com
computação paralela, no comando da
Alliant Computer Systems, uma
produtora de supercomputadores,
antes de chegar à Microsoft.
"Será um grande desafio nos
próximos cinco ou 10 anos."