PORTO ALEGRE - O governo federal admite
que a prática não acompanhou o discurso
no que se refere à adoção do software
livre nas instâncias federais.
Além de casos isolados, como Banco do
Brasil e Caixa Econômica Federal, além
das empresas de tecnologia do governo,
como Dataprev e Serpro, os sistemas de
código aberto não avançaram muito em
secretarias e ministérios.
Para Corinto Meffe, gerente de
inovação tecnológica do Ministério do
Planejamento, "existe um nível de
migração nos bancos federais e empresas
de tecnologia, mas nas secretarias
especiais e alguns ministérios a adoção
ainda emperra".
Durante o 9o Fórum Internacional de
Software Livre, ele afirmou que não é
possível mensurar o nível de adoção do
software livre na esfera pública porque
em muitas consultorias e serviços
contratados há softwares embutidos que
não são contabilizados. De qualquer
forma, Meffe afirmou que "em todos os
ministérios há alguma coisa de software
livre".
Para ele, o orçamento e a capacidade
tecnológica de cada pasta é que
determinam a agilidade ou a lentidão
nesse tipo de migração.
A Dataprev, por exemplo, responsável
por processar todos os benefícios e
aposentadorias do INSS no país, tem
planos de levar os sistemas livres aos
40 mil computadores que integram sua
rede, mas isso não tem prazo para
acontecer.
"Depois de substituirmos os
mainframes, a idéia é que o software
livre chegue na ponta, a todos os
microcomputadores, mas isso não é algo
que se faça da noite para o dia. Só o
desenvolvimento pode levar uns dois
anos", afirmou Lino Kieling, presidente
da Dataprev, presente ao mesmo evento.
Todas as máquinas novas --sejam
notebooks, desktops ou servidores--,
adquiridas desde o ano passado já são
configuradas com sistemas abertos. A
empresa admite que tem "um legado muito
forte" em sistemas proprietários e que,
por isso, a migração não é tão rápida.
De acordo com Kieling, até março de
2010 a Dataprev devolverá à atual
fornecedora --a norte-americana Unisys
-- os três mainframes que sustentam a
operação da empresa pública. Eles serão
substituídos por máquinas com softwares
desenvolvidos internamente, baseados em
código aberto.
"A idéia é garantir a independência
de fornecedor", afirmou o executivo.
Segundo sua estimativa, a economia só em
manutenção do sistema será de 1 milhão
de reais mensais.
Segundo Kieling, nas novas máquinas
que estão sendo implantadas com software
livre, "a resistência por parte dos
funcionários ainda existe", mas trata-se
de um processo de "conquista" que, no
caso da Dataprev, envolve palestras e
treinamento para que se habituem com a
nova interface.