LONDRES - Especialistas internacionais
apelaram por maior cooperação no combate
às ameaças que pairam sobre as redes de
computadores.
Mas divergiram quanto à definição de
"ciberterrorismo", e um importante
funcionário britânico do setor de
segurança o descreveu como "mito".
O ministro da Defesa da Estônia,
Christian-Marc Liflander, disse que
ataques eletrônicos sustentados contra o
seu país, no ano passado, foram
praticados tanto por crackers comuns
quanto por "ciberterroristas"
sofisticados, que manipulavam a
distância computadores zumbis integrados
em redes conhecidas como botnets.
"Eu diria que entramos na era do
terrorismo cibernético, e talvez na da
guerra cibernética", disse Liflander em
uma conferência sobre segurança no Royal
United Services Institute, em Londres.
A Estônia afirmou acreditar que o
governo da Rússia estivesse por trás dos
ataques do ano passado, que surgiram em
meio a uma disputa diplomática sobre a
decisão de Tallinn de transferir um
monumento de guerra soviético.
Mas Liflander disse que os ataques de
botnets vieram de computadores em 76
diferentes países e que é difícil provar
quem os patrocinou. "O que temos é
simplesmente um gazzilhão de endereços
IP que não provam coisa alguma."
O efeito dos ataques foi a
paralisação de sites e sérias
perturbações em serviços essenciais como
bancos em um dos países com nível mais
elevado de uso de Internet no mundo.
Mas nem todos concordam que o termo "ciberterrorismo"
seja a melhor maneira de descrever
ataques eletrônicos como esses.
Stephen Cummings, diretor do Centre
for the Protection of National
Infrastructure, uma agência de segurança
do governo britânico, disse que não
havia visto provas que sugerissem que
terroristas estejam determinados a
empregar ataques cibernéticos para gerar
impacto tão devastador quanto o de seus
ataques físicos.
"Creio que debater o ciberterrorismo
desvia nossa atenção das ameaças
terroristas mais prementes, que
continuam a ser físicas", disse ele, em
uma apresentação na qual um slide
sustentava que "ciberterrorismo é um
mito". Apesar disso, Liflander disse à
Reuters que a Estônia vai revelar uma
estratégia nacional de cibersegurança
nas próximas duas semanas para melhor
proteção de infra-estruturas e redes
importantes. A idéia é definir "padrões
mínimos que todas as empresas terão que
adotar".
Ele descreveu a defesa contra os
ciberataques do ano passado como um jogo
de gato e rato.
"Os ataques foram muito rápidos e por
isso você tem que ser muito ágil na
resposta a eles. E a sua resposta
somente será limitada se você a executar
em escala nacional. É preciso que a
resposta aconteça em nível internacional
também."