Competição amplia venda de celulares

Reuters

SÃO PAULO - O setor celular brasileiro encerrou abril seguindo a tendência de forte crescimento que fez a base de linhas ativas crescer mais que duas vezes o total de adições verificada no primeiro quadrimestre do ano passado.

O ritmo de expansão tem feito com que as expectativas para o setor sejam de recorde de entrada de usuários à base de celulares este ano, após a máxima atingida em 2007.

De acordo com o presidente da consultoria de telecomunicações Teleco, Eduardo Tude, 2008 deve contar com adições líquidas de 25 milhões de celulares, levando o total em operação no país a 146 milhões, 21 por cento mais que em 2007.

"Esse ano está prometendo ser um ano de recorde de crescimento... Mas daqui uns dois anos vamos estar perto de uma densidade (celular/habitante) de 100 por cento e o crescimento vai ser mais devagar, por isso as operadoras estão aproveitando para captar clientes agora, porque depois será mais caro fazer isso", disse Tude.

Nos quatro primeiros meses do ano, o setor adicionou 6,76 milhões de linhas celulares à base, ritmo de expansão mais que o dobro do verificado entre janeiro e abril de 2007, quando o total de acessos móveis cresceu em 2,96 milhões.

O total de linhas ativas no mês passado cresceu para 127,74 milhões, volume 1,5 por cento acima do verificado em março, de acordo com dados de operadoras disponibilizados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Na comparação com abril do ano passado, quando a base era de 102,87 milhões de linhas ativas, o crescimento foi de 24,18 por cento.

O mercado celular brasileiro tem sido impulsionado por incremento de competição entre as operadoras que estão avançando sobre regiões onde antes não atuavam, como a Oi em São Paulo e a Vivo no Nordeste, enquanto as empresas que já atuam nessas regiões aceleram captação de clientes em antecipação a isso.

Além disso, a base de comparação do início do ano passado foi mais fraca, pois a Vivo estava iniciando operação GSM e a Oi estava com uma política menos agressiva, disse Tude.

Para o analista Guilherme Assis, do Morgan Stanley, parte do crescimento no número de linhas informado pelas operadoras à Anatel deve-se à prática das empresas na venda de chips GSM aos clientes. Com isso, durante cerca de três meses o chip com a linha anterior continua a contar na base antes de ser eliminado pela operadora.

"O que a gente tem visto é que as operadoras estão vendendo agressivamente o chip, que sai mais barato para os clientes que a recarga (da linha pré-paga), disse Assis.

"Tem uma parte (da base) que está inflacionada por causa da venda dos chips, mas a gente acha que o mercado está muito forte no Brasil apesar disso", afirmou o analista.

Tude, do Teleco, estima que em termos de pessoas com celular no país a base do país seria 15 por cento menor. Já em termos de pessoas que usam celular o total seria 10 por cento maior. "Tem famílias que compartilham um celular por exemplo", explicou.

Segundo Assis, a estratégia das operadoras em focar mais na oferta de chips está tendo mais força no Brasil em relação a outras regiões da América Latina. "Na América Latina, o que a gente tem visto mais é ocorrer no Brasil, porque é o mercado mais competitivo, que tem mais operadoras. Nos outros mercados há uma concentração maior entre Telefónica e América Móvil ", disse o analista.

Nos próximos dias a Anatel deve divulgar o balanço definitivo do desempenho do setor no mês passado, incluindo a participação das operadoras.

 

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