O telefone deu
origem ao número de emergência, e mais tarde às linhas para denúncias
anônimas. Os avanços nos
celulares mais tarde permitiriam enviar
mensagens de texto à polícia. Nesta semana, o Departamento de
Polícia de Nova York abriu uma nova frente para as denúncias, por meio
da qual as pessoas podem aproveitar uma das mais recentes, ainda que não
exatamente nova, maravilhas da
tecnologia. Os cidadãos agora estão sendo encorajados a registrar
imagens de crimes em progresso com as câmeras de seus celulares, e a
enviar os vídeos à polícia.
O comissário de polícia da cidade, Raymond Kelly, e o prefeito
Michael Bloomberg anunciaram o início do programa no Centro de Crime em
Tempo Real da polícia, na sede da corporação, onde monitores de
computador exibem imagens e dados vindos de vários locais da cidade
de Nova York.
A polícia espera reforçar a rede de câmeras de vigilância, linhas de
emergência, linhas de denúncia e mensagens de texto que são usadas para
recolher informações e reportar crimes, empregando tecnologia e hábitos
que já se tornaram parte da rotina diária de milhões de moradores.
"Trata-se de outro componente de nossa parceria com o público", disse
Kelly.
A idéia leva um passo adiante o sistema de linha de emergência da
polícia. Quando uma pessoa liga para o número de emergência, 911, o
operador anota os detalhes do crime e acrescenta um código especial ao
relatório caso a pessoa diga dispor de fotos ou vídeos que possam ajudar
a resolver o caso. Um detetive telefona para a pessoa que fez a
denúncia, posteriormente, explicando como enviar esses dados visuais aos
computadores do departamento.
A imagem pode ser, por exemplo, a uma tatuagem distintiva no braço de
um suspeito de assalto, ou uma placa de carro envolvido em acidente com
fuga, disse Bloomberg. "Também estamos trabalhando para que o Centro de
Crimes em Tempo Real possa enviar as fotos a todos os carros de patrulha
em uma área", ele disse. "Esperamos que esse recurso esteja operacional
já no ano que vem".
"A tecnologia deve causar temor a todos os potenciais criminosos",
disse o prefeito, acrescentando que a chance de que eles sejam apanhados
em flagrante agora são maiores do que nunca. Mas o plano foi anunciado
com um toque de cautela. "Caso um sujeito grandalhão esteja avançando
contra você armado de machado, não é boa idéia tirar o celular e tentar
fotografá-lo", disse Bloomberg. "É preciso que as pessoas tenham bom
senso".
Boa parte do sucesso da idéia vai depender da disposição do público
quanto a fornecer informações. Kelly disse que as ligações para o 911
não são anônimas, e que isso é necessário para que os detetives
respondam ao telefonema com instruções sobre como transmitir as imagens.
A pessoa que testemunhar um crime também pode ser chamada a depor no
julgamento, ele afirmou. Mas acrescentou que, se o anonimato fosse mesmo
essencial, haveria maneiras de preservá-lo.
Vídeos, ainda que não gravados por celulares, desempenharam papel
importante em dois dos crimes de maior destaque do verão. Uma câmera de
vigilância em um elevador ajudou a polícia a deter o suspeito pelo
assalto e assassinato por estrangulamento de uma mulher de 85 anos, em
Brooklyn. E a câmera de vídeo de um turista apanhou em flagrante um
policial que derrubou um ciclista da bicicleta em Times Square durante
um passeio ciclístico.
O ciclista havia sido acusado de tentativa de agressão contra o
policial, mas a acusação contra ele foi retirada. O policial continua
sob investigação.
Tradução: Paulo Migliacci ME